O cinema de guerrilha que se realiza na Amazônia não come da mesma carne do cinema global, antes ao contrário, este cinema é faminto, mas não passa fome, porque, ainda que o acesso às tecnologias lhes sejam negadas, sabe se aproveitar das tecnologias que lhes foram legadas pelos seus antepassados e ancestrais, é tão simples quanto isso, e nenhum menu se leva à mesa, a comida há que ser plantada e colhida em diálogo com a natureza, numa fala que é mais escuta, é poética, desinteressada do mercado, apesar de querer ganhar e ganhar dinheiro, porque basta ir no mar e sacar o peixe ainda que ele esteja contaminado, vai de canoa, vai de remo, de barco, popopô, embarcado, à cavalo, de bicicleta, de buzu, mas vai, vai com o estandarte do santo, vai na maresia, e debaixo do sol, vai comendo pelas beiras atééééééé que você nem percebe que este cinema está entre nós como deus, e ele nos move, é o romper da aurora, o fechar a cicatriz, segurar no peito a dor, e andar em frente como um...
Estéticas de guerrilhas, poéticas da gambiarra e tecnologias do possível na Amazônia Paraense