Pular para o conteúdo principal

MARKO DA LAMA - POETA DA MARAMBAIA

Não por acaso começo a postar neste blog criado com o propósito de construir uma narrativa antropológica  de minha pesquisa de mestrado em arte (sob o tema "A escola poética da marambaia e seus quadros artísticos") com uma fotografia do poeta Marcus Vinícius, o Marko da Lama.
Marquinho tem 40 anos e mora no pátio da casa de um amigo que lhe concede abrigo numa vila sem nome em meio a Passagem São jorge, pequena rua que fica no quilômetro 6 de Rodovia Augusto Montenegro.
Recordo-me das últimas vezes que o encontrei há anos: uma delas numa rua do conjunto Jardim Sevilha quando, aborrecido, disse-lhe: SALVASTE-ME. Era madrugada e conversamos bastante regados a cervejas em lata sob a chuva fina que caia naquela noite-madrugada. Antes disso encontrei-o numa casa de  regaae, o Rainha, quando ele me disse que havia trocado a poesia pela realidade. Acho que em cerca de dez anos foram essas duas vezes que o encontrei.
Mas a sensação é de jamais ter saído do lado deste eterno menino  para quem quando eu olho sinto vontade de abraçá-lo e protegê-lo pois que é um meigo, querido, doce, ,ligeiro, leve, suave. E nunca sai de seu lado porque na maioria das vezes que leio poemas recito um de seus clássico, o POEMA PARA VOCÊ
("Desaba de manhã como uma grande implosão esta segunda-feira...") que ele começa com a sua estilística à Augusto dos Anjos, poeta que ele admira e cuja vida em certo sentido revive.
O Marko nesse sentido é um marco na cena poética da Marambaia. Junto com o Clei de Souza e o Caeté eles compõem uma tríade.Os três estão numa publicação impressa que eu editei em 2004. São a matriz dassa escola poética inexistente fisicamente mas constituída de uma substância primordial que é a experiência cotidiana da vida de cada um deles.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Bragança: a volta do Cavalo de Troia - Por Carpinteiro de Poesia

Entre a poesia das ruas de Bragança e o pulsar da juventude carnavalesca, o bloco Cavalo de Troia anuncia seu retorno. Ausente desde o início da pandemia, o grupo se reorganiza para voltar à avenida com força total, prometendo até 2.000 abadás e a mesma espontaneidade que marcou seus primeiros carnavais. O Cavalo de Troia é um dos blocos mais irreverentes do carnaval. Inspirados na história grega, eles construíram um enorme cavalo de madeira que, em vez de esconder soldados, vinha recheado de cajuaçi, que é uma bebida tradicional de Bragança. A bebida era distribuída pela traseira da estrutura enquanto os foliões, vestidos de espartanos, empurravam o cavalo pelas ruas. A criatividade do bloco chamou atenção da cidade, ganhou repercussão na mídia e se tornou um destaque do carnaval bragantino, unindo sátira, cultura popular e muita brincadeira. Raízes na Juventude, Entre Amizades e Fantasias - A história do Cavalo de Troia começou como uma brincadeira entre amigos do bairro da Aldeia. E...

Panacarica: dois Anos sem Rô, mas a eternidade ainda Navega

A água que cai do céu é fina, serena e funda, como quem sabe o que está fazendo. Cada gota que pinga sobre o rio carrega uma ausência. Há ruído de motor ao longe — daqueles pequenos, que levam a vida devagar. Mas hoje ele soa diferente: parece triste. E é. Ele carrega uma notícia que ecoa por entre os igarapés: Romildes se foi.   Amazônia não costuma anunciar luto com alarde. Ela simplesmente se emudece. A várzea fica quieta. A floresta para um pouco. Os pássaros cantam mais baixo. É assim quando vai embora alguém que é raiz, tronco e folha do território. Foi assim quando partiu Romildes Assunção Teles, liderança forjada na beira do rio e na luta coletiva.   Ele não era homem de tribuna nem de terno. Era homem de remo, de rede armada, de panela no fogo e conversa sincera. Era homem de olhar adiante, de palavra pensada, de gesto largo. Era Panacarica. Chovia em Campompema quando recebi a notícia. A chuva, sempre ela, orquestrando silêncios no coração da várzea. Era como se o ri...

Cinema de Guerrilhas volta a Braga para segunda Edição

 Será no dia 26 de março de 2025, na sede da Associação Observalicia, em Braga, a segunda sessão das “Vivências do Cinema de Guerrilha – Resistência Climática”. Organizada por essa associação sem fins lucrativos, dedicada à pesquisa e atuação em alimentação, tecnologia e ecologia social, a ação propõe uma imersão no audiovisual como ferramenta de resistência e transformação social. Vamos continuar a trabalhar juntos na construção coletiva de filmes que denunciem as urgências climáticas e ecológicas atuais. A oficina busca democratizar o acesso ao cinema, utilizando tecnologias acessíveis, como celulares, para que comunidades e indivíduos possam contar suas próprias histórias e fortalecer sua luta ambiental. Como facilitador, trago minha experiência no cinema amazônico, onde venho desenvolvendo pesquisas e produções voltadas para a resistência cultural e ecológica. Como criador e curador do Festival Internacional de Cinema do Caeté (FICCA), sigo explorando as estéticas de guerrilha,...