Pular para o conteúdo principal

Pacto de silencio aos crimes ambientais censura documentaristas na Amazônia

Fazer filmes contra a Vale e a Cargill na Amazônia tem este preço do anonimato e do quase apagamento provocado.por esta secular cultura da submissão à exploração e dominação colonial cultural e estética e social e econômica e política e territorial.

E este preço caro de fazer filme contra a Cargill ou contra a Vale paga-se inclusive dentro do próprio setor cinematográfico e Audiovisual e entre os jornalistas e profissionais que atuam na mídias paraenses.

Excetuando-se os festivais Cinema de Fronteira Cinefront Amazônia que nos convidou diretamente, e o Festival do Filme Etnográfico do Pará , que nos selecionou após submissão conforme Regulamento, mais nenhum festival do Pará nos aceitou.

Senso crítico sempre tive e muito raramente submeto-me a concursos por razões pessoais ainda que defenda política de editais mas a critique, entretanto, meu filme não é assim tão mal que não passe no crivo dos críticos julgadores (e por favor o julguem que ele está disponibilizado aberto mas também o divulguem pela sua razão social de de hbcuar crimes ambientais contra a Amazonia).

Uma outra mas não menos importante questão que Emerge neste processo é a urgência da pauta Amazonida quando produzida de dentro ou a partir de fora do território Amazonida, quando são os próprios criadores e artistas que escrevem esta história com a mesma linguagem do cinema mas com uma escrita estética e social à margem do subcinema romântico e glamourizado comercial que se estampa como imagética para inglês ou colonizador ver e sentir prazer neste inferno Verde intocável.

Há várias formas de luta e muitos que estão na luta há muitos anos e outros que se chegam,  todos com suas certezas e muita força para fazer filmes e através destes disputar narrativas e revelar o olhar de dentro do interior da mata que somos todos nós que fazemos cinema de guerrilha com as tecnologias do possível e a partir das poéticas da gambiarra.

Andem lá a ver nosso filme que ultrapassou mais de 500 visualizações orgânicas.
https://youtu.be/3g9DDemChrQ

Pós-scriptum
E destas observações quanto a este fenômeno acima exposto emergem pelo menos duas questões nao menos importantes e que exigem análises mais profundas dos leitores e pesquisadores que não podem estar desatentos nestes tempos de construção de narrativas.
1 ) A mídia - leia-se cadernos culturais - enquanto territórios do Poder pela via do qual são processadas e replicados os entretenimentos, raramente abre agendas para ações isoladas na contracorrente da lógica do capital, optando eventualmente por revender os produtos enlatados em pacotes da indústria cultural, como resultado de investimentos publicitários, ou muito raramente cedendo à pauta cultural que se articula fora deste eixo mais ainda centrada numa perspectiva dos oligopólios comunicacionais, o que também exclui as ações isoladas e locais, e, mesmo que estas sejam coletivas, sempre invisibilizadas,  desqualificadas e consideradas inferiores à lógica mediatica factual.
A outra lógica,  claro , é a política e no caso paraense falar contra a Cargill é discordar do governador Helder Barbalho que silencia quando o assunto são os crimes cometidos pela empresa e pela Vale na Amazônia.
Ou seja, e como nem da Mídia Ninja eu sou...
2) Outra questão que Emerge não exatamente aqui mas aqui transparece é o problema da institucionalização do Documentário pela via das ONGs que mais atuam na linha da conciliação do que na resistência, portanto, mais na aceitação e menos na conscientização de luta de classes que se tenta escamotear com a pauta global climática, ambiental, e Amazônica.

Nota Final - são temas que nos provocam ao debate e que temos a obrigação de dialogar enquanto realizadores e pesquisadores amazonidas, e poderemos até citar a tragédia Yanimami que colocou em foco a cultura indígena e consequentemente a criação cinematográfica étnica que tem sido um diferencial estético e uma revolução poética na fantástica imagética amazonida.

Francisco Weyl
Poeta e realizador
Diretor do filme #ForaCargill

Disponível em
https://youtu.be/3g9DDemChrQ

NOTA FINAL 2
Para mais informações sobre a luta das comunidades ribeirinhas amazônidas representadas por esta obra cinematográfica, indico estes dois textos que produzimos para duas revistas da Região, sendo esta a maior guerrilha do documentarista, além de realizar, refletir e dialogar sobre cinema de resistência. 

https://www.amazonialatitude.com/2022/04/12/com-cinema-social-os-atingidos-pela-cargill-em-abaetetuba-resistem/

+

https://revistacenarium.com.br/direitos-tradicionais-ameacados-pela-cargill-em-abaetetuba-no-para/




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cinema de Guerrilhas volta a Braga para segunda Edição

 Será no dia 26 de março de 2025, na sede da Associação Observalicia, em Braga, a segunda sessão das “Vivências do Cinema de Guerrilha – Resistência Climática”. Organizada por essa associação sem fins lucrativos, dedicada à pesquisa e atuação em alimentação, tecnologia e ecologia social, a ação propõe uma imersão no audiovisual como ferramenta de resistência e transformação social. Vamos continuar a trabalhar juntos na construção coletiva de filmes que denunciem as urgências climáticas e ecológicas atuais. A oficina busca democratizar o acesso ao cinema, utilizando tecnologias acessíveis, como celulares, para que comunidades e indivíduos possam contar suas próprias histórias e fortalecer sua luta ambiental. Como facilitador, trago minha experiência no cinema amazônico, onde venho desenvolvendo pesquisas e produções voltadas para a resistência cultural e ecológica. Como criador e curador do Festival Internacional de Cinema do Caeté (FICCA), sigo explorando as estéticas de guerrilha,...

Entre aforismos e reflexões sobre a existência - análise crítica da obra de Jaime Pretório

A obra, mesmo não sendo uma extensão do artista ou propriedade do público que a ressignifica, é uma potência inerente e transcendente ao próprio artista, entretanto, um escritor, como, em geral, um artista, não se resume ao que ele escreve, ao que ele concebe. A obra de Jaime Pretório, em especial sua coletânea “1000 Aforismos recortes de uma vida” vai além das palavras e das ideias que ele usa para expressar sua ampla reflexão sobre a condição humana, nestes tempos em que já nem sabemos ao certo se sobre ou sub vivemos. Nesta obra, o autor discorre sobre questões cotidianas, convocando-nos a uma jornada de introspecção, a partir de aforismos sobre normas sociais, dogmas religiosos, convenções filosóficas, mensagens poéticas. L er o autor impõem-nos desafios, ainda que na sua estilística aforística ,  o sinta gma  frasal se encerre em si próprio ,   através de  uma mensagem fragmentária, no caso d e  Pretório, uma mensagem fragmentária sobre os diversos temas qu...

Um Encontro de Arte e Reflexão: X FICCA na Livraria Gato Vadio

A Livraria Gato Vadio será palco de um dos momentos mais inspiradores do X FICCA – Festival Internacional de Cinema do Caeté, que celebra a arte de resistência da Amazônia. Entre histórias contadas pelas telas e diálogos que se desdobram em ideias e ações, o espaço se tornará uma confluência de arte, literatura e cinema. Uma das joias da programação do X FICCA será a Oficina de Cinema CADA REALIZADOR UM TERRORISTA E CADA FILME UM ATENTADO, que convida amantes da sétima arte, estudantes e curiosos a mergulharem no universo da criação cinematográfica, sob a perspectiva da arte de resistência social. O festival tem como referencial teórico as estéticas de guerrilhas, as poéticas da gambiarra e as tecnologias do possível, que são conceitos resultantes das práxis pesquisadas e aplicadas pelo criador, diretor e curador do FICCA, Francisco Weyl. Estes elementos para a construção de uma tríade conceitual do cinema de resistência social serão apresentados e dialogados com os participantes, send...