Fazer filmes contra a Vale e a Cargill na Amazônia tem este preço do anonimato e do quase apagamento provocado.por esta secular cultura da submissão à exploração e dominação colonial cultural e estética e social e econômica e política e territorial.
E este preço caro de fazer filme contra a Cargill ou contra a Vale paga-se inclusive dentro do próprio setor cinematográfico e Audiovisual e entre os jornalistas e profissionais que atuam na mídias paraenses.
Excetuando-se os festivais Cinema de Fronteira Cinefront Amazônia que nos convidou diretamente, e o Festival do Filme Etnográfico do Pará , que nos selecionou após submissão conforme Regulamento, mais nenhum festival do Pará nos aceitou.
Há várias formas de luta e muitos que estão na luta há muitos anos e outros que se chegam, todos com suas certezas e muita força para fazer filmes e através destes disputar narrativas e revelar o olhar de dentro do interior da mata que somos todos nós que fazemos cinema de guerrilha com as tecnologias do possível e a partir das poéticas da gambiarra.
Andem lá a ver nosso filme que ultrapassou mais de 500 visualizações orgânicas.
Pós-scriptum
E destas observações quanto a este fenômeno acima exposto emergem pelo menos duas questões nao menos importantes e que exigem análises mais profundas dos leitores e pesquisadores que não podem estar desatentos nestes tempos de construção de narrativas.
1 ) A mídia - leia-se cadernos culturais - enquanto territórios do Poder pela via do qual são processadas e replicados os entretenimentos, raramente abre agendas para ações isoladas na contracorrente da lógica do capital, optando eventualmente por revender os produtos enlatados em pacotes da indústria cultural, como resultado de investimentos publicitários, ou muito raramente cedendo à pauta cultural que se articula fora deste eixo mais ainda centrada numa perspectiva dos oligopólios comunicacionais, o que também exclui as ações isoladas e locais, e, mesmo que estas sejam coletivas, sempre invisibilizadas, desqualificadas e consideradas inferiores à lógica mediatica factual.
A outra lógica, claro , é a política e no caso paraense falar contra a Cargill é discordar do governador Helder Barbalho que silencia quando o assunto são os crimes cometidos pela empresa e pela Vale na Amazônia.
Ou seja, e como nem da Mídia Ninja eu sou...
2) Outra questão que Emerge não exatamente aqui mas aqui transparece é o problema da institucionalização do Documentário pela via das ONGs que mais atuam na linha da conciliação do que na resistência, portanto, mais na aceitação e menos na conscientização de luta de classes que se tenta escamotear com a pauta global climática, ambiental, e Amazônica.
Poeta e realizador
Diretor do filme #ForaCargill
Disponível em
Comentários