Coisa que mais gostei na feira cultural da editora Paka-Tatu é que não havia nenhum ruído além das vozes das pessoas. Não havia nenhum ruído sonoro além dos diálogos que as pessoas estabeleceram entre elas. Era um espaço de convívio num porão adequado para uma recepção ao calor humano e a sensível troca. De lógica e metafísica, entre as pessoas.
Foi um momento de retomada, pelo menos para a minha própria experiência, de relação com as feiras de literatura. O livro, a cultura literária e a boa conversa entre amigos sobre coisas como afetividade. Retomada desses anos depois do fechamento da Fox, que podemos dizer deixou muitos leitores órfãos de espacos, ao menos aqueles que circulavam na Fox e no entorno da livraria que proporcionou um grande movimento de escritores em Belém.
A livraria e editora Paka Tatu não é uma Fox, nem se pretende como tal. É uma editora que tem uma carta, por assim dizer, de autores, clássica , literária, acadêmica, poetica, amazônica. Que tem uma tradição socialista, de crítica acadêmica, histórica, publicações de parcerias com programas de pós graduação, instituições de ensino superior. E muitos autores são gerados e criados através destes eventos e destas publicações literárias, lideranças políticas e profissionais.
A editora PakaTatu sustenta o pensamento crtico na amazônia, pela sua relação com os autores, pela sua posição destacada e tradicional no mercado instável inóspito da cultura literária, ainda mais com com esta característica da PakaTatu, de publicar autores fora desse circuitão.
A PakaTatu se coloca no mercado editorial global, trazendo esta Amazônia na resistência permanente desse pensamento, dessa construção literária, de se demarcar no mercado editorial, afirmando nesse recorte do pensamento, Amazônico, então é uma editora que não se vendeu. Não se vergou e não pactuo com o sistema.
E ao mesmo tempo que se relacionou com as diversas instituições, proporcionando a grandeza dessas mesmas instituições, através do peso do selo Paka-Tatu de cerca de 30 anos de existencia, confessou-me, o seu proprietário, o querido amigo Armando, em uma rápida conversa - e quem o conhece sabe que é o ser humano de bom coração, espontâneo, bom, de prosa, que sabe ouvir as pessoas, ele tem estas, entre outras qualidades - essa permanencia da resiliência com a qual ele amplia a sua egregora da cultura literária, um conjunto de autores que tambem ajudam a editora a se manter firme diante da instabilidade do mercado editorial, que fecha empresas, fecha editoras, razão porque a PakaTatu se desdobra e investe em novos nichos como a literatura inantovenil e novos pensamentos e práxis amazônidas.
"Carregar" uma editora no Estado do Pará não é coisa simples com esta carga de tributo, entretanto, a PakaTatu nunca vendeu um livro para o Governo do Estado. Em cerca de 25, 30 anos de existência.
E ontem a editora organizou uma feira cultural abrindo um novo espaço para a cidade.
Muitos vivas a esta prática aberta e plural.
21.05.2023
Carpinteiro
Comentários