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Mostrando postagens de 2016

Sob o signo do #câncer

É, dizem, que o raio não cai duas vezes no mesmo lugar, entretanto, minha filha LUANA WEYL teve câncer aos cinco anos de idade, e agora minha esposa, ADRIANA WEYL, aos 35 anos. Esta não é a primeira vez, portanto, que atravesso uma tempestade no deserto. Aprendi com meus pais (e tento passar isso aos meus filhos) a não titubear, e, jamais, duvidar, da força de minha fé, principalmente nos momentos em que desço ao mais escuro de meus   poços, que não secam, inundam-me, ali, onde enfrento os meus medos mais medonhos. Muitas vezes, mal saia da enfermaria, onde estava a minha filha, e, já á porta, dobrava meu corpo, e desabava em lágrimas. Andava à esmo pelas ruas, observava as paisagens, mas não as via, eu as atravessava, como se flutuasse, por sobre elas. A vida em suspensão, o tempo, este ser, sussurrava em meus ouvidos para que o olhasse muito além do que minha própria alma pudesse ver. Por diversas vezes, eu me ceguei, cerrava os olhos, e olhava para dentr...

jamais, haverás de sentir a dor do outro, nem na poesia

... tenho mais dores do que mundo, a minha dor me fortalece, entretanto, a dor alheia me enfraquece, por sentir que nem dor eu posso sentir pelo outro, ainda que solidário a ele eu seja, ou tente ser, porque mesmo o melhor de mim não é absolutamente nada para a dor do outro, nem meu afago, ou meu afeto, nem meu silêncio, nem a minha fala, nem a minha mudança, e nem que eu seja o mesmo, diante da dor, ou tu te transubstancias, transmutas, ou na tua condição humana, tu, a ela sucumbes, com alternâncias de humores, conforme o grau de intensidade, ninguém pode sentir a tua dor, e, jamais, haverás de sentir a dor do outro, nem na poesia, ou pior, na poesia é que de tanta mentira que ela trás, de tanta invenção e projeção de desejos utópicos, ela é que revela ou sugere a verdadeira dor de ser poeta com esta sensação que é a de sentir a dor sem senti-la, sentindo-a, e nesta dor de sentir a dor que tanto se ressente quando sente que o presente se torna ausente, nesta mistura de tempos que fiss...

Sabe o gosto das águas, rios, mares.

Sabe o gosto das águas, rios, mares. Sabe dos cheiros, das flores. Sabe. Dos sons, das florestas. Dos mangues, à flor da pele. Dos campos, santos. Da praia, à tarde. Sabe? © Carpinteiro   FOTO © Dri Trindade (Ajututeua, Bragança, Pará - 2016)

Ninguém vai ao inferno sem de lá retornar

FOTO Dri Trindade Estou de passagem. Entre céus, e infernos. Entro, e saio. Das profundezas. Do mar, e do caos. Não sei se estou a chegar. Ou a partir. De um para outro lugar. Nada em mim é deriva. Nem margem. Mar intenso. E submerso. Diverso. E Inverso. Dentro. Reverso. Ninguém vai ao inferno sem de lá retornar. É tarefa para loucos, e poetas. > “Ninguém vai ao inferno sem de lá retornar” © Carpinteiro de Poesia Poema escrito a propósito do ensaio fotográfico de #DRITRINDADE

Senhoras e Senhores, o Pai do "Capitão Açaí"

  Você desenha ou tira sarro da cara dos outros? O desenho é a forma mais eficaz que arranjei para tirar sarro. Não só da cara dos outros, mas da minha cara também. O humorista deve-se colocar como alvo para poder ser baladeira. Aí ele pode sacanear à vontade as pessoas, as situações e as instituições com que tem contato. Digo sacanear, mas a palavra pode ser analisar ou comentar, só que através do humor. O humor iguala as pessoas, por isso a crueldade que muitos veem numa piada. Acham que fazer piada de cego, por exemplo, é crueldade. Não é verdade. Os próprios cegos fazem piada de sua condição, os aleijados, e por aí vai. Quando absorvemos essa condição de rirmos de nós mesmos, aí o humor é pleno e podemos rir do mundo. Quem determina esse tipo de censura é o artista. Se ele acha que alguma piada fere a sua compreensão sobre determinada coisa, ele deve desistir daquela piada. Mas nunca por pressão exterior. Tem que vir dele. Seus personagens se aborrecem ou são ...

Candeeiro se Apagou

“Candeeiro de Apagou”  (© Carpinteiro) Acho que foi o Glauber Rocha que me fez gostar do cangaço quando eu assisti a deus e o diabo na terra do sol lá no cinema Olímpia na década de setenta eu acho. Isso se eu não estou enganado e eu sempre me engano e eu quero sempre me enganar mas não a quem me lê, a sério. Tá certo que como escritor, eu invento, mas, naquela altura, nem idade eu tinha pra isso mas fui, acho que era matinê. Sai impressionado com as cenas do Dibb Luffy e as canções do Sérgio Ricardo. Somente anos mais tarde viria a saber um pouco mais sobre estes dois. Extasiado com as cenas quentes e estouradas do Glauber. Porque desde a infância qualquer mitologia se relacionava com a rebeldia. Ia via minhas irmãs bandeirantes, meus irmãos no teatro, a Pedreira era uma beleza, morávamos ali perto da Aparecida, depois migramos para a Marambaia, que é para onde logo viemos quando saímos de Bragança. Mas isso é outra história. Ou estória. Na Pedreira eu não...