Roteirizado, produzido, filmado e montado durante dois meses, o documentário #FORACARGILL tem como cenário as ilhas do município de Abaetetuba afetadas pela construção do Terminal de Uso Privado da empresa Norte americana em território do Programa de Assentamento Agro-Extrativista Santo Afonso, na Ilha do Xingu, Município de Abaetetuba, onde vivem e trabalham cerca de 200 famílias, numa área de 2.705,6259 hectares.
O DOC contrapõe o projeto privatista a um mundo coletivo, ancestral, de conhecimentos e saberes próprios, ameaçado de desaparecer, através de esquemas cartoriais e jurídicos e estranhos processos e títulos de “aquisição” da propriedade, característicos da grilagem de terras na Amazônia, cujo objetivo é desmontar direitos anteriormente conquistados.
Sem consultar os moradores das ilhas, a Cargil assedia a comunidade a aceitar a construção do porto, com promessa de geração de emprego, seguidas de mensagens que anulam a história, o saber, e a trajetória organizativa e cooperativa comunitária local, onde a relação entre homem e natureza se dá através da transmissão de conhecimentos que respeitam e preservam o ambiente e não destroem a floresta.
Como essas comunidades tradicionais se organizam e como lutam para conquistar acesso e permanência à terra, os impactos ambientais e sociais causados pela construção do porto, portanto, é através das falas das lideranças e das pessoas da comunidade, inclusive as ameaçadas, que o narrar os conflitos e perigos aos quais estão submetidas as comunidades locais na Amazônia Paraense.
Financiado pelo Fundo Casa em parceria com a FASE Amazônia, WFK Direitos Humanos, Caritas Regional Norte II, com apoio do Conselho das Associações de Ribeirinhas e Ribeirinhos dos Programas de Assentamento Agro-Extrativistas de Abaetetuba, Conselho Nacional dos Seringueiros, Comissão Pastoral da Terra, e Festival Internacional de Cinema do Caeté, o filme marca a entrada da Arte Usina Caeté na cena audiovisual Amazônica.
#FORACARGILL tem cerca de 30 minutos, com depoimentos e imagens capturados pelo diretor de fotografia Marcelo Rodrigues, um dos quatro integrantes da equipe, que conta também com o talentoso músico Cláudio Figueiredo na criação da trilha sonora, e o dedicado operador de áudio Luciano Mourão, sob coordenação do realizador e professor de cinema Francisco Weyl.
Praia de Ajuruteua, 20 de Abril de 2022
© Francisco Weyl
Poeta, realizador, jornalista
Diretor da Arte Usina Caeté, produtora responsável pela realização do Documentário
Arte Usina Caeté é uma produtora multimídia que atua na Amazônia Paraense sob a perspectiva do cinema social, através de projetos institucionais, acadêmicos, comunitários.
Pensada como ferramenta poética de potência criativa, Arte Usina Caeté desenvolve projetos próprios, em parceria, ou demandados, pelo público em geral, pessoas que acompanham o nosso trabalho, há mais de vinte anos, no campo da comunicação, no jornalismo político-social e cultural, nas pesquisas em arte, em educação e em antropologia, e na arte cinematográfica
Com documentários, filmes, eventos culturais, jornais, revistas, livros, Arte Usina Caeté se destaca pela ação compartilhada de projetos colaborativos junto a comunidades periféricas, ribeirinhas, quilombolas, e tradicionais, através do Cinema de Guerrilha, Poéticas da Gambiarra, e Tecnologias do Possível, que são conceitos-práxis desenvolvidos pelo seu criador, o autodenominado Carpinteiro de Poesia Francisco Weyl.
Graduado em cinema, especialista em semiótica, mestre e doutorando em artes, Weyl ministrou aulas no ensino superior, no Brasil, Portugal, e Cabo Verde, organizou o Concílio Artístico Luso-Brasileiro, criou o Cineclube Amazonas Douro (2003); venceu o Grande Prêmio Douro Film Festival (O Chapéu do Metafísico, Portugal, 2006); conquistou o prêmio Residências Estéticas em Pontos de Cultura (Minc/Funarte), com o projeto Resistência Marajoara (Soure, Marajó-2009); criou e coordenou o Inovacine/Fidesa (antiga Fapespa, 2010); criou o FICCA – Festival Internacional de Cinema do Caeté (2014 - hoje na VIII edição); atualmente, realiza filmes em diferentes formatos e gêneros, e atua na circulação e difusão de obras audiovisuais nos diversos municípios paraenses, onde compartilha conhecimentos e estimula a criação de coletivos audiovisuais.
Francisco Weyl
©2022
ACESSE PARA VER https://www.youtube.com/watch?v=du2cET1pPn0&t=7s
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