A cobra de duas cabeças desliza, entre Douro e Amazonas. A serpente que se arrasta pela Terra descama de pele sem perder a aura do corpo. Ela se contorce no lugar que nos habita, à fúria de uma alma em transe. O brilho de Exu na lâmina das Sete Espadas de Ogum, o chamado de Yemanjá no voo da Arara-Encantadeira. A presença se dissipa com o vento, mas deixa rastros impressos nas lamas dos rios de nossas memórias.
Nestas travessias por territórios pantanosos, arte, espiritualidade e resistência se entrelaçam. Do filme Anaís (1998) ao EXERCITO.Ogum (2020), a obra de Ana Tinoco flui pela arte de Francisco Weyl, assim como a poesia do Carpinteiro se dissolve na pintura de Ana. Como dois rios que desaguam no oceano, correm em contracorrentes de culturas díspares.
No cruzar destes caminhos e territórios, a leitura poética do mito da Cobra Grande se constitui como parte de uma pentalogia antecedida pelas Interferências Pesóficas de Francisco Weyl: Sete Espadas para Ogum, 23/04/2019 – Porto; Arara-Encantadeira, 22/05/2019 – Porto; Yemanjhá Asé Esú!, 07/11/2019 – Porto; e Exuberante, EXU-berrante, 12/08/2023 – Belém do Pará. Estes projetos se integram a exposições e instalações realizadas pelos dois artistas, entre as quais: Com-TEMP(l)O/Ação – Faculdade de Belas Artes, Porto (2019); Incorporação – Em-CORPO/Ação – Casa-Museu Abel Salazar, Porto (2019); Reencarnação – RE-em-carne-À(n)AÇÃO – Palácio dos Viscondes de Balsemão, Porto (2020).
A cobra de duas cabeças desliza, entre Douro e Amazonas.
SERVIÇO - Leitura Poética do Mito Amazônico da Cobra Grande. Interferência Poesófica de Ana Tinoco e Francisco Weyl. Pa[i]ssagens sonoras: Zé Macedo. Dia 21 de Março de 2025, 22H, Livraria Gato Vadio, Porto.
Parcerias Institucionais: Escola Superior de Teatro e Cinema + Instituto Politécnico de Lisboa + CAPES + PPGARTES-UFPA + Grupo de Pesquisas PERAU + Festival Internacional de Cinema do Caeté [FICCA] + Arte Usina Caeté + Livraria Gato Vadio
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