Na terra onde todo mundo se arvora como “o primeiro” ou “a primeira”, sempre tentando apagar quem ousa aparecer no presente, é de se admirar que o longa-metragem paraense tenha renascido numa escola pública da Marambaia. Sim, na Escola Estadual Temístocles de Araújo, um professor de História chamado Sebastião Pereira resolveu desafiar não só a escassez de recursos, mas também a tentativa de apagamento: enquanto alguns repetiam que “desde Líbero Luxardo não houve nada”, ele fez. E fez do seu jeito, fiel a uma tradição de cinema de guerrilha, sem depender de holofotes ou patrocínios. O resultado foi Cabanos (BR, 2009, 60 min), sobre a Cabanagem, com 110 atores voluntários — alunos e ex-alunos — e gravações em Curuçá, Icoaraci, Mosqueiro, Cidade Velha e Ilha das Onças. O filme teve sua estreia oficial no histórico Cinema Olímpia, em Belém, consolidando a ousadia do projeto. Cabanos é mais que um filme: é resistência cultural em movimento, prova de que é possível fazer história na tela gra...
Na tarde de sábado (1.11), em Belém, a Marambaia — bairro urbano consolidado, de classe média, com raízes comunitárias e memória de luta — sai às ruas com o seu Cortejo Climático — e com algo mais raro que figurino, microfone e poesia: um método. Não começou agora O cortejo é episódio de uma história que vem sendo escrita há pelo menos dois anos — e protagonizada longe do centro, desde 2023 , quando a Marambaia fundava o seu Fórum Permanente de Políticas Públicas Periféricas . A vulnerabilidade admitida, a autonomia exigida Bairro urbano, é classe média, tem asfalto e padaria, mas também tem enchente, calor extremo, remendo urbano e desigualdade de acesso . No documento base da Carta Climática — ainda em construção — a formulação é direta: “A crise climática não é futura. É presente nas ruas, casas e corpos.” A ideia, repetida em reuniões, não busca piedade. Busca lugar de fala política : Se a COP vem, a pergunta na Marambaia virou provocação: “Quem fala por quem? Arte não ...