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Assombrações, ancestralidade e a defesa da Amazônia na obra de Genésio Santos

Alguns tópicos da obra do Genésio Gomes dos Santos Filho que são necessários considerar, a partir da leitura de pelo menos duas de suas obras, “A Cobra Grande e outras lendas” e o “Assombroso mundo de Tia Maria”. Públicadas através da resistente editora de autores paraenses, PAKA TATU, são obras que têm uma mesma estilística narrativa do escritor. Genésio sabe as regras do jogo das narrativas e brinca com elas. Há um narrador que fala, não exatamente como alter ego do escritor, mas um narrador que é também a sua própria fonte, no caso, sua Tia Maria. E há ainda um narrador que é personagem de si, o Genésio, que, sendo demandado ou referido, “fala” na sua própria obra. O narrador fala, conta a estória a partir de uma suposta história que lhe foi narrada. E há momentos em que o Genésio - personagem refere o narrador. Existem muitas camadas, portanto, que afetam a a obra do escritor Genésio Santos. Torna-se necessário perceber essas camadas, Genésio vem da formação das letras. É graduado
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O cotidiano como performance da invisibilidade no filme "João Parapeito"

“ João Parapeito ”  [ André Queiroz, 2024] é  um filme que trata de um momento do João Parapeito, que seria um alter ego do ator Tiago Carvalho . Seria um momento desse alter ego, um momento performático. É  um filme que, na sua linguagem cinematográfica, aborda a linguagem da performance. É uma linguagem versando sobre a outra. Como o cinema é a linguagem da imagem, o filme mostra, não a performance em si. A performance do filme é a de ocultar a performance. A performance enquanto uma representação. O filme se debruça na existência do João Parapeito, que representa um trabalhador no seu cotidiano, que vem para um determinado espaço urbano, e vive a vida cotidiana de andar em trem, comer feijão com arroz, e ter esses momentos de solidão. O filme também é bem interessante pela sua sonoridade  e pel a direção de fotografia, as câmeras são representativas e opressivas desses momentos em que o personagem está preso em si mesmo, como se estivesse sufocado. O momento do personagem ,  de desl

Cova da Moura: resistência cultural contra o racismo em Portugal

Odair Moreno Moniz continua a ser assassinado pela mídia nacional portuguesa, que abriu as gavetas de seu armário para inventariar os seus probemas com a Justiça. O mesmo, entretanto, não foi feito com os agentes policiais que dispararam os três projétis que ceifaram a vida de um cidadão estrangeiro, negro e de origiem africana. A versão da mídia corrobora a nota da Polícia para quem a vítima já estava previamente condenada, dado ao seu passado “negro”. A sociedade consumidora de fatos e fake news assimila a notícia, polemizando-a. Três tiros, na cabeça, no tórax, no abdómen. Um homem negro embriagado foge de perseguição policial, bate em vários carros e sai de um veículo furtado com uma arma branca para cima dos agentes indefesos (?) Odair tinha 43 anos, estava há 8 anos sem “problemas” com a Polícia, e, seus vizinhos informaram que ele era um homem trabalhador e tranquilo nas relações pessoais. Havia sido julgado e cumprido penas por crimes de roubo, receptação e condução sob o efeit

Migração e identidade: a hibridização cultural dos Brasileiros em Portugal

O pensamento é tanto um puzzle quanto um pêndulo, tem uma estrutura modular, mas uma circularidade que reflete a própria condição humana. Se observarmos, por exemplo, as conquistas romanas, como este Império se expandiu até a Península Ibérica, nós observaremos que a médio e longo prazo, a construção de uma identidade linguística, ou de uma Nação, ela se origina no desmanche da língua, no latim vulgar, portanto, é esse latim vulgar que se expande, culturalmente, exatamente porque eram, por assim dizer, vulgares, ou pertenciam a subcategorias ou a submundos, os romanos que se deslocavam de Roma para habitar em outros países, a começar pelos próprios soldados, que pertenciam a castas inferiores e, portanto, não tinham o domínio da língua culta, e os pequenos comerciantes e demais pessoas que se deslocavam de Roma para habitar os demais países em busca do ouro.  E essa colonização, portanto, ela se dá de baixo para cima, com a presença de pessoas das castas mais baixas que não tinham o do

Entre aforismos e reflexões sobre a existência - análise crítica da obra de Jaime Pretório

A obra, mesmo não sendo uma extensão do artista ou propriedade do público que a ressignifica, é uma potência inerente e transcendente ao próprio artista, entretanto, um escritor, como, em geral, um artista, não se resume ao que ele escreve, ao que ele concebe. A obra de Jaime Pretório, em especial sua coletânea “1000 Aforismos recortes de uma vida” vai além das palavras e das ideias que ele usa para expressar sua ampla reflexão sobre a condição humana, nestes tempos em que já nem sabemos ao certo se sobre ou sub vivemos. Nesta obra, o autor discorre sobre questões cotidianas, convocando-nos a uma jornada de introspecção, a partir de aforismos sobre normas sociais, dogmas religiosos, convenções filosóficas, mensagens poéticas. L er o autor impõem-nos desafios, ainda que na sua estilística aforística ,  o sinta gma  frasal se encerre em si próprio ,   através de  uma mensagem fragmentária, no caso d e  Pretório, uma mensagem fragmentária sobre os diversos temas que dizem respeito à própr

O CÓDIGO POÉTICO - Carpinteiro de Poesia

Há uma ciência antiga, que tece nomes e formas do vazio,  Como se a própria história respirasse  Entre as frestas dos esquecimentos,  Sibilando segredos que só o tempo conhece. E nessa busca por sentido, o verso se espalha,  Roubando da incerteza a sua razão de ser. Caminha, fragmentado pela terra das contradições,  Onde cada palavra é ao mesmo tempo verdade e negação. Do caos em letras esquecidas surge um poema  Palavras suspensas, nas margens de ideias rotas,  Um fio de som e vento, que rasga o espaço  entre a certeza e o duvidar.  Uma ponte inacabada de significados,  Que se estende do coração ao conceito. Assim, o poema se constrói,  Como quem aprende a falar outra vez,  Entre vozes que ecoam de uma era  Antes do entendimento ser algo tangível,  Mas já carregado de tudo. Sons falam em códigos, línguas esquecidas,  Nas sombras da razão, onde o tempo é mudo,  Mas o verbo insiste em existir.  A escrita arranha superfícies ancestrais,  Inscrições de quem ousa traduzir  O que o silêncio