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O poeta Mário Loff, em entrevista ao LUZITÂNIAS

LUZITÂNIAS : QUEM É VOCÊ?
Eu sou Mário Loff, Cabo-verdiano, de Colhe Bicho.

LUZITÂNIAS : O QUE TE TROUXE AO PORTO?
O que me trouxe até a cidade do porto é um chamado para conhecer, aprender e partilhar através de poemas, mas também de cinema, já que vim a convite da FICCA 2018.

LUZITÂNIAS : O QUE É A ALTAS E O QUE ELA FAZ?
A ALTAS é uma associação literária (associação literária de Tarrafal de Santiago), antes de se transformar numa associação, era um clube de leitura da Biblioteca municipal, que contribuiu para o aparecimentos dos jovens escritores e poetas, mas também trabalhou na questão da cidadania, e com crianças na promoção do livro, e da leitura, através da fundação do plano de leitura municipal, outras das grandes conquistas, foi a fundação de grupos de teatro, atualmente só existe um só grupo de teatro Komikus Tarrafal, e têm feito gravações que estão disponíveis no youtube (último trabalho foi “presidenti kasta”).

LUZITÂNIAS : A LITERATURA, ALÉM E JUNTO AO TEATRO ...
Mais tarde, com uma base mais abrangente de elementos, o grupo sentiu-se obrigado a se organizar numa associação que acabou mais tarde a se chamar de ALTAS.

LUZITÂNIAS : QUEM SÃO OS PARCEIROS?
Durante todo esse processo, contamos com forte incentivos de Paulo Varela, Clarindo dos Santos, Anilton Levy, Júlio Mante, do José Soares etc..

LUZITÂNIAS : E AS AÇÕES ?
Já realizamos saraus de poesias, concursos de poesias, publicações de um boletim literário, participação na publicação da primeira antologia dos poetas de Tarrafal de Santiago, publicação de uma dos dinamizadores e cofundador Clarindo dos Santos, além dos outros poetas que já publicaram e têm obras a sair. Temos participado nos concursos literários nacionais e internacionais.
Atualmente, estamos no processo da renovação da direção da associação, para traçarmos novos rumos que passa pelo reconhecimento dos nossos consagrados escritores, como José Luís Tavares, e Mário Lúcio de Sousa, dos melhores escritores da atualidade de Cabo verde.

LUZITÂNIA : COMO VOCÊ VÊ E SENTE A LITERATURA AFRICANA?
A literatura africana tem muita importância no panorama mundial e na língua portuguesa, na divulgação da cultura, língua, e também no resgate de valores, que em épocas sóbrias da escravatura e do colonialismo foi desvirtuada e muitas vezes destruída. E sempre teve sua influência no mundo, é sô ver pelas peças de artes que contém gravuras, e escritas antigas que estão nos museus europeus que são visitados todos os anos inclusive por milhares de africanos.

LUZITÂNIAS : UM ORGULHO ?
Nós temos todos os motivos para orgulharmos da nossa literatura, temos escritores de qualidade tanto consagrados como jovens de grandes talentos homens de mulheres. Nós os africanos temos temas para escrever e humanidade que tem faltado ao homem. É claro que a falha está presente em todos nós. E mostrar ao resto do mundo, alias, nós sempre demos sentido a mãos ao resto do mundo tanto pela história como pela literatura. 

LUZITÂNIAS : E A LITERATURA CABOVERDEANA?
A literatura cabo-verdiana neste momento tem tido bons resultados. Temos dois prémios Camões, e a afirmação de alguns escritores a nível internacional, que de resto tem provado através de premiação em vários concursos nacionais e internacionais entre eles se destaca o José Luiz Tavares. No entanto, tem faltado muita coisa. 

LUZITÂNIAS : E QUAIS SÃO ESSAS COSIAS QUE LHES FALTAM?
Num país com excelentes escritores como Cabo Verde, não tem críticos literários, não tem um plano nacional de leitura, não tem uma politica definida de redes de biblioteca municipal a nível nacional. Há muita leitura neste momento por parte dos jovens e menos jovens., pela Internet. Será a leitura necessário que permita ao jovem pensar para lá do que se vê? Temos problemas de professores que não leem e não tem interesse em ensinar os alunos nessa prática, são vários problemas fáceis de ser resolvido no pais tão pequeno com 9 ilhas habitadas. Temos dezenas de associações literárias que não se sabe quem é quem e qual está a usurpar a função do outro, e durante ano quase não se faz nada, e são Instituições com pessoas capazes. Fico por aqui.

LUZITÂNIAS : Obrigado, poeta!

(Entrevista concedida por Mário Loff a Francisco Weyl, no Porto, quando da presença do poeta no IV FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DO CAETÉ - FICCA)



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