Na terra onde todo mundo se arvora como “o primeiro” ou “a primeira”, sempre tentando apagar quem ousa aparecer no presente, é de se admirar que o longa-metragem paraense tenha renascido numa escola pública da Marambaia. Sim, na Escola Estadual Temístocles de Araújo, um professor de História chamado Sebastião Pereira resolveu desafiar não só a escassez de recursos, mas também a tentativa de apagamento: enquanto alguns repetiam que “desde Líbero Luxardo não houve nada”, ele fez. E fez do seu jeito, fiel a uma tradição de cinema de guerrilha, sem depender de holofotes ou patrocínios. O resultado foi Cabanos (BR, 2009, 60 min), sobre a Cabanagem, com 110 atores voluntários — alunos e ex-alunos — e gravações em Curuçá, Icoaraci, Mosqueiro, Cidade Velha e Ilha das Onças. O filme teve sua estreia oficial no histórico Cinema Olímpia, em Belém, consolidando a ousadia do projeto. Cabanos é mais que um filme: é resistência cultural em movimento, prova de que é possível fazer história na tela gra...
Estéticas de guerrilhas, poéticas da gambiarra e tecnologias do possível na Amazônia Paraense