Na terra onde todo mundo se arvora como “o primeiro” ou “a primeira”, sempre tentando apagar quem ousa aparecer no presente, é de se admirar que o longa-metragem paraense tenha renascido numa escola pública da Marambaia. Sim, na Escola Estadual Temístocles de Araújo, um professor de História chamado Sebastião Pereira resolveu desafiar não só a escassez de recursos, mas também a tentativa de apagamento: enquanto alguns repetiam que “desde Líbero Luxardo não houve nada”, ele fez. E fez do seu jeito, fiel a uma tradição de cinema de guerrilha, sem depender de holofotes ou patrocínios.
O resultado foi Cabanos (BR, 2009, 60 min), sobre a Cabanagem, com 110 atores voluntários — alunos e ex-alunos — e gravações em Curuçá, Icoaraci, Mosqueiro, Cidade Velha e Ilha das Onças. O filme teve sua estreia oficial no histórico Cinema Olímpia, em Belém, consolidando a ousadia do projeto.
Cabanos é mais que um filme: é resistência cultural em movimento, prova de que é possível fazer história na tela grande sem grandes recursos, combinando jovens sem experiência artística, figurinos improvisados e um professor que é diretor, produtor, operador de câmera e poeta do gesto coletivo. Cada plano pulsa com a ousadia de quem sabe que cinema é memória, consciência e rebeldia — refletindo diretamente a tradição teórica que compartilho como Francisco Weyl, Carpinteiro de Poesia, na minha crítica.
Cinema pobre? Sim. Para os ricos de espírito, obrigatoriamente. Aqui, a Cabanagem não é apenas história; é presença viva, coragem em movimento e prova de que fazer cultura é ato político — e não marketing.
E que fique registrado: na escola da Marambaia e nas telas do Cinema Olímpia, renasceu o cinema paraense de verdade. Sem fama antecipada, sem anúncios glamurosos, apenas com paixão, inteligência e, acima de tudo, coragem.
Fontes:
Ensinar História - Joelza Ester Domingues
Crítica completa: Francisco Weyl, Carpinteiro de Poesia - ACESSE:
https://carpinteirodepoesia.blogspot.com/2021/01/a-cabanagem-no-cinema-amazonida.html

Comentários