Em 2012, quando tinha cinco anos, Rudá me acordou, bem cedo e disse: Vamos ver o depois do sol, Chico (jamais me chamou de pai), então, peguei-o no colo, e o coloquei por sobre a janela, a ver aquela luz doirada da manhã beijar os prédios, luminosos, mas, fiquei o dia inteiro a pensar na frase-manifesto de seu desejo, ecm como, nestas sensações, o Rudá se relaciona com a sua memória cosmológica, porque, embora ele saiba que o por do sol faz-se à tardinha, logo cedinho ele o sente - e eu também senti com ele este conhecimento sensível - na pele, a temperatura da cor, e, mais que isto, todos estes momentos em que o universo - e só ele - nos permite viver a relação entre pai e filho, que nem sempre foi coisa que eu consegui experienciar em minha vida, com meus rebentos. E que a luz do sol nos abençoe, filhos! Fui buscá-lo à escola, mais cedo que de costume, apanhei-o antes das seis horas da tarde, tão logo me viu, ainda a descer as escadas, olhou-me nos olhos, e disparou: ainda dá tempo de ver o por do sol, Chico. E, claro, ainda nos restava este tempo, porque o construímos juntos, porque este tempo, faz-se em nós, e eu havia ido buscá-lo mais cedo por causa disso mesmo, porque ele havia acordado a me convidar a ver o depois do sol. E, ainda que o sol de deite, e se levante, e assim, ad infinitum, aquele por do sol ao nascer do sol será sempre nosso, e vai sempre brilhar em meu espírito. Amo muito meus filhos, rezo por eles todos os dias. (Carpinteiro de Poesia)
Entre a poesia das ruas de Bragança e o pulsar da juventude carnavalesca, o bloco Cavalo de Troia anuncia seu retorno. Ausente desde o início da pandemia, o grupo se reorganiza para voltar à avenida com força total, prometendo até 2.000 abadás e a mesma espontaneidade que marcou seus primeiros carnavais. O Cavalo de Troia é um dos blocos mais irreverentes do carnaval. Inspirados na história grega, eles construíram um enorme cavalo de madeira que, em vez de esconder soldados, vinha recheado de cajuaçi, que é uma bebida tradicional de Bragança. A bebida era distribuída pela traseira da estrutura enquanto os foliões, vestidos de espartanos, empurravam o cavalo pelas ruas. A criatividade do bloco chamou atenção da cidade, ganhou repercussão na mídia e se tornou um destaque do carnaval bragantino, unindo sátira, cultura popular e muita brincadeira. Raízes na Juventude, Entre Amizades e Fantasias - A história do Cavalo de Troia começou como uma brincadeira entre amigos do bairro da Aldeia. E...

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