Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2024

Um Encontro de Arte e Reflexão: X FICCA na Livraria Gato Vadio

A Livraria Gato Vadio será palco de um dos momentos mais inspiradores do X FICCA – Festival Internacional de Cinema do Caeté, que celebra a arte de resistência da Amazônia. Entre histórias contadas pelas telas e diálogos que se desdobram em ideias e ações, o espaço se tornará uma confluência de arte, literatura e cinema. Uma das joias da programação do X FICCA será a Oficina de Cinema CADA REALIZADOR UM TERRORISTA E CADA FILME UM ATENTADO, que convida amantes da sétima arte, estudantes e curiosos a mergulharem no universo da criação cinematográfica, sob a perspectiva da arte de resistência social. O festival tem como referencial teórico as estéticas de guerrilhas, as poéticas da gambiarra e as tecnologias do possível, que são conceitos resultantes das práxis pesquisadas e aplicadas pelo criador, diretor e curador do FICCA, Francisco Weyl. Estes elementos para a construção de uma tríade conceitual do cinema de resistência social serão apresentados e dialogados com os participantes, send...

FICCA apresenta programação da X edição

Há uma década, o Caeté acolhe o cinema como quem finca raiz em terra fértil, como quem constrói sonhos com as mãos da guerrilha. O FICCA celebra 10 anos de filmes que nascem do chão, moldados com barro, vento e palavra. Aqui, onde as águas do rio beijam as margens da resistência, o cinema se faz tábua de salvação e martelo de mudança, a poesia que ecoa no silêncio de quem vê e sente. Cada edição é um grito de coragem, um manifesto visual esculpido pelo olhar ancestral de quem sabe que contar histórias é também desafiar o poder. Não é só luz que projetamos, é a força indômita da Amazônia, o pulso do Marajó, a dança dos caruanas e o canto dos invisíveis. É o cinema que nos desafia a enxergar além da tela, nas beiradas do mundo, onde a arte se encontra com a vida e a política se entrelaça à estética. Somos cineastas e carpinteiros, artesãos de imagens, tecendo tramas e memórias com a madeira dos sonhos, talhando o futuro com firmeza e delicadeza. O FICCA é esse encontro: de passado e pres...

A ESCOLA DO PORTO E A TEORIA DOS MAGNÍFICOS QUADROS ARTÍSTICOS CINEMATOGRÁFICOS - Por Francisco Weyl

Eu não vou defender a Escola do Porto, porque eu posso vir a defender alguma coisa que não existe. Melhor dizendo, eu não posso defender uma coisa que não existe. Se ela existe, só existirá na minha cabeça. Porque a Escola do Porto teve muito mais praticantes do que teóricos. E, sem dúvida, eu sou um dos poucos teóricos que essa escola teve. E desses tantos praticantes, portanto, podemos dizer que existiram tantas escolas do Porto, quantos foram os seus praticantes ou aqueles que a assumiram para a sua própria história. O próprio fato de estar aqui a falar sobre a Escola do Porto já revela a sua existência, portanto, a sua presença. Até porque, aparentemente, é alguma coisa que gera controvérsias. Ora, o nada ou o inexistente não pode gerar controvérsias, ainda mais quando esse inexistente ou este nada é relativo a uma escola que se lança à própria cena do cinema aqui no Porto. Acho que teve muitas más informações acerca da escola, exatamente a falta de uma estruturação, a falta de uma...

Assombrações, ancestralidade e a defesa da Amazônia na obra de Genésio Santos

Alguns tópicos da obra do Genésio Gomes dos Santos Filho que são necessários considerar, a partir da leitura de pelo menos duas de suas obras, “A Cobra Grande e outras lendas” e o “Assombroso mundo de Tia Maria”. Públicadas através da resistente editora de autores paraenses, PAKA TATU, são obras que têm uma mesma estilística narrativa do escritor. Genésio sabe as regras do jogo das narrativas e brinca com elas. Há um narrador que fala, não exatamente como alter ego do escritor, mas um narrador que é também a sua própria fonte, no caso, sua Tia Maria. E há ainda um narrador que é personagem de si, o Genésio, que, sendo demandado ou referido, “fala” na sua própria obra. O narrador fala, conta a estória a partir de uma suposta história que lhe foi narrada. E há momentos em que o Genésio - personagem refere o narrador. Existem muitas camadas, portanto, que afetam a a obra do escritor Genésio Santos. Torna-se necessário perceber essas camadas, Genésio vem da formação das letras. É graduado ...

O cotidiano como performance da invisibilidade no filme "João Parapeito"

“ João Parapeito ”  [ André Queiroz, 2024] é  um filme que trata de um momento do João Parapeito, que seria um alter ego do ator Tiago Carvalho . Seria um momento desse alter ego, um momento performático. É  um filme que, na sua linguagem cinematográfica, aborda a linguagem da performance. É uma linguagem versando sobre a outra. Como o cinema é a linguagem da imagem, o filme mostra, não a performance em si. A performance do filme é a de ocultar a performance. A performance enquanto uma representação. O filme se debruça na existência do João Parapeito, que representa um trabalhador no seu cotidiano, que vem para um determinado espaço urbano, e vive a vida cotidiana de andar em trem, comer feijão com arroz, e ter esses momentos de solidão. O filme também é bem interessante pela sua sonoridade  e pel a direção de fotografia, as câmeras são representativas e opressivas desses momentos em que o personagem está preso em si mesmo, como se estivesse sufocado. O momento do pe...

Cova da Moura: resistência cultural contra o racismo em Portugal

Odair Moreno Moniz continua a ser assassinado pela mídia nacional portuguesa, que abriu as gavetas de seu armário para inventariar os seus probemas com a Justiça. O mesmo, entretanto, não foi feito com os agentes policiais que dispararam os três projétis que ceifaram a vida de um cidadão estrangeiro, negro e de origiem africana. A versão da mídia corrobora a nota da Polícia para quem a vítima já estava previamente condenada, dado ao seu passado “negro”. A sociedade consumidora de fatos e fake news assimila a notícia, polemizando-a. Três tiros, na cabeça, no tórax, no abdómen. Um homem negro embriagado foge de perseguição policial, bate em vários carros e sai de um veículo furtado com uma arma branca para cima dos agentes indefesos (?) Odair tinha 43 anos, estava há 8 anos sem “problemas” com a Polícia, e, seus vizinhos informaram que ele era um homem trabalhador e tranquilo nas relações pessoais. Havia sido julgado e cumprido penas por crimes de roubo, receptação e condução sob o efeit...