Cerca de nove mil trabalhadores rurais produzem entre 800 e 850 toneladas de farinha de mandioca por mês, em Bragança do Pará.
Tradição herdada dos Tupinambás, a farinha de mandioca (ou farinha d’água) tornou-se o alimento básico das comunidades Amazônicas.
Mas esta cultura ancestral teria chegado à mesa dos caboclos da Região apenas por volta de 1900.
Com o destaque econômico e cultural de Bragança entre as cidades do nordeste paraense durante a Belle Époque, a farinha ali produzida ganhou notoriedade.
O produto, inclusive, era transportado pela Estrada de Ferro, fechada pela ditadura militar, em 1965.
Este patrimônio imaterial tem um valor agregado que é o conhecimento e trabalho do pequeno agricultor, o que dá um toque especial à sua própria produção.
No geral, o processo de feitura é quase o mesmo, mas é a particularidade do fazer que diferencia a farinha como um produto original.
A mandioca é fermentada entre três e quatro dias, dentro d’água, pode ser num rio, igarapé ou tanque.
Depois de amolecida, a mandioca vai para o catitu, que é a maquina que a tritura, mas ela também pode ser amassada na mão.
De seguida, a mandioca é espremida pelo tipiti, artesania de palha trançada, sendo, posteriormente, peneirada e torrada.
Ainda úmida, ela vai para ro tacho, sendo mexida, e escaldada, e mesmo pre-cozinhada, antes de ser, finalmente, torrada.
O resultado é um produto dourado, granulado e crocante
O Instituto Nacional de Propriedade Industrial possui duas modalidades de Indicação Geográfica: Indicação de Procedência, e Denominação de Origem Reconhecida.
O selo obtido no dia 18 de Maio de 2021 pelo produto na Região dos Caetés reconhece este diferencial caracterizado pelos fatores naturais humanos.
De acordo com documentos que fundamentaram a decisão do INPI, a farinha de Bragança possui sabor específico devido à fermentação e ao uso mais corrente da mandioca brava, que contém maior concentração de ácido cianídrico em sua composição, passando por um processo de redução desse teor para se tornar apta ao consumo humano.
Ao identificar ao produto a partir de seu lugar de origem, distinguindo-o dos demais existentes no mercado, o selo agrega mais valor ao trabalho dedicado do pequeno agricultor.
Apesar da concessão da Indicação Geográfica englobar os municípios paraenses de Augusto Corrêa, Bragança, Santa Luzia do Pará, Tracuateua e Viseu, o selo é patente da Cooperativa de agricultores familiares do Caeté – Coomac.
A luta pelo selo é antiga e vem desde o começo do ano 2010, sendo que algumas instituições se merecem destaque neste processo, entre estas, a prefeitura municipal de Bragança, Sebrae, Ufpa, Ifpa, Adepará, Emater.
A Coomac é um(a) cooperativa fundada em 16/07/2010, e, sua atividade principal, a fabricação de óleos vegetais em bruto, exceto óleo de milho.
Com um faturamento estimado entre R$ 81.001 a R$ 360.000, a entidade fica no Km 12 da BR 308 (Rodovia Bragança Viseu).
Em nota hoje divulgada, a prefeitura de Bragança afirma que o selo deverá ser utilizado por todos os produtores que estejam produzindo nesses locais referenciados.
Dependendo do tipo do produto, o quilo pode variar de R$ 5 até R$ 15 reais.
© Francisco Weyl
(Jornalista DRT – 2161)
NOTA DO EDITOR:
Após a postagem desta notícia, fomos alertados por Antônio Tongaré quanto à origem da farinha, conforme texto abaixo:
"migo bonita fala.
Mas a farinha não é uma tradição das tribos tupinambás.
A "manin oca" conhecida hoje como farinha é alimento das tribos sulamericanas da de composições yetarue. E existe em todos os lugares da Amazônia legal e serrado com várias tribos.
Tem alguns livros na biblioteca nheangatu"
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