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Mostrando postagens de novembro, 2024

Assombrações, ancestralidade e a defesa da Amazônia na obra de Genésio Santos

Alguns tópicos da obra do Genésio Gomes dos Santos Filho que são necessários considerar, a partir da leitura de pelo menos duas de suas obras, “A Cobra Grande e outras lendas” e o “Assombroso mundo de Tia Maria”. Públicadas através da resistente editora de autores paraenses, PAKA TATU, são obras que têm uma mesma estilística narrativa do escritor. Genésio sabe as regras do jogo das narrativas e brinca com elas. Há um narrador que fala, não exatamente como alter ego do escritor, mas um narrador que é também a sua própria fonte, no caso, sua Tia Maria. E há ainda um narrador que é personagem de si, o Genésio, que, sendo demandado ou referido, “fala” na sua própria obra. O narrador fala, conta a estória a partir de uma suposta história que lhe foi narrada. E há momentos em que o Genésio - personagem refere o narrador. Existem muitas camadas, portanto, que afetam a a obra do escritor Genésio Santos. Torna-se necessário perceber essas camadas, Genésio vem da formação das letras. É graduado

O cotidiano como performance da invisibilidade no filme "João Parapeito"

“ João Parapeito ”  [ André Queiroz, 2024] é  um filme que trata de um momento do João Parapeito, que seria um alter ego do ator Tiago Carvalho . Seria um momento desse alter ego, um momento performático. É  um filme que, na sua linguagem cinematográfica, aborda a linguagem da performance. É uma linguagem versando sobre a outra. Como o cinema é a linguagem da imagem, o filme mostra, não a performance em si. A performance do filme é a de ocultar a performance. A performance enquanto uma representação. O filme se debruça na existência do João Parapeito, que representa um trabalhador no seu cotidiano, que vem para um determinado espaço urbano, e vive a vida cotidiana de andar em trem, comer feijão com arroz, e ter esses momentos de solidão. O filme também é bem interessante pela sua sonoridade  e pel a direção de fotografia, as câmeras são representativas e opressivas desses momentos em que o personagem está preso em si mesmo, como se estivesse sufocado. O momento do personagem ,  de desl

Cova da Moura: resistência cultural contra o racismo em Portugal

Odair Moreno Moniz continua a ser assassinado pela mídia nacional portuguesa, que abriu as gavetas de seu armário para inventariar os seus probemas com a Justiça. O mesmo, entretanto, não foi feito com os agentes policiais que dispararam os três projétis que ceifaram a vida de um cidadão estrangeiro, negro e de origiem africana. A versão da mídia corrobora a nota da Polícia para quem a vítima já estava previamente condenada, dado ao seu passado “negro”. A sociedade consumidora de fatos e fake news assimila a notícia, polemizando-a. Três tiros, na cabeça, no tórax, no abdómen. Um homem negro embriagado foge de perseguição policial, bate em vários carros e sai de um veículo furtado com uma arma branca para cima dos agentes indefesos (?) Odair tinha 43 anos, estava há 8 anos sem “problemas” com a Polícia, e, seus vizinhos informaram que ele era um homem trabalhador e tranquilo nas relações pessoais. Havia sido julgado e cumprido penas por crimes de roubo, receptação e condução sob o efeit