Um espectro ronda o planeta - o espectro da Arte Contemporânea.
Todas as potências unem-se numa Santa Aliança para conjurá-la.
Cristão e fascistas, radicais evangélicos e mercenários, políticos e militares, de Israel, do Brasil e de Cabo Verde.
O texto acima é plágio descarado do Manifesto Comunista, mas serve de “blague” para introduzir o tema deste artigo, que é o pânico que invade o mundo diante de obras de arte que colocam a sociedade a pensar sobre seus dogmas e suas regras.
Somente esta semana, tivemos conhecimento de três ações de censuras contra obras de arte, que estavam expostas e foram removidas, roubadas, ou vetadas de serem expostas.
Fanáticos da comunidade católica israelita, que roubaram a obra “McJesus”, do artista finlandês Jani Leinonen, de dentro do Museu de Haifa, onde acontecia uma exposição contemporânea sobre religião e fé cristã.
O Museu diz que as obras da exposição são as respostas dos artistas contemporâneos a assuntos de religião e fé na atual realidade global, mas a Igreja Católica da Terra Santa pediu a retirada desta e de outras peças, como no tempo da Santa Inquisição.
No Brasil, a exposição “Literatura Exposta” foi censurada pela segunda vez (na primeira, a direção do Museu da Casa França-Brasil impediu usassem a voz do presidente Bolsonaro na instalação “A voz do ralo é a voz de Deus”).
Desta vez o governador Wilson Witzel, e o secretário de cultura do Rio de Janeiro proibiram a apresentação de uma perfomance sobre tortura pelo coletivo És Uma Maluca.
Em Cabo Verde, o poeta e artista plástico Tchalé Figueira, teve suas obras censuradas pela Assembleia Nacional, onde estavam expostas e a causar polêmicas de natureza moral.
Seus quadros foram removidos, sem nenhuma nota oficial da Casa de Leis de Cabo Verde, num ato clássico de autoritarismo e de censura, em larga escala contra as obras de arte.
Num momento em que observamos a ascensão de políticas fascistas e conservadoras em diferentes países assim como o retrocesso de diversas conquistas, tais fatos causam-nos preocupação com esta falsa moral.
Além de minha solidariedade, pontualmente, a estes artistas, cujas obras estão a ser atacadas neste cenário de trevas, quero emanar um sentimento de força a todos os artistas do planeta.
Continuem com o Vosso trabalho, a Vossa produção, a Vossa criação, ignorem seus críticos e esqueçam os conservadores, façam da Arte a trincheira por um mundo Justo.
Não era minha intenção filosofar sobre arte neste texto, mas não o posso encerar sem falar do belo artística, porque a beleza é tanto imanente quanto transcendente, amo-a de(e em) todas as suas (trans-) formações, as suas inversões e extroversões, fundamentalmente, híbrida, entre humanidade e mito, e arte, essa coisa - tal qual a felicidade - que não existe, mas que, afinal de contas, inventamo-la para amar o que amamos.
Porto, 14/01/2019
© Francisco Weyl
Todas as potências unem-se numa Santa Aliança para conjurá-la.
Cristão e fascistas, radicais evangélicos e mercenários, políticos e militares, de Israel, do Brasil e de Cabo Verde.
O texto acima é plágio descarado do Manifesto Comunista, mas serve de “blague” para introduzir o tema deste artigo, que é o pânico que invade o mundo diante de obras de arte que colocam a sociedade a pensar sobre seus dogmas e suas regras.
Somente esta semana, tivemos conhecimento de três ações de censuras contra obras de arte, que estavam expostas e foram removidas, roubadas, ou vetadas de serem expostas.
Fanáticos da comunidade católica israelita, que roubaram a obra “McJesus”, do artista finlandês Jani Leinonen, de dentro do Museu de Haifa, onde acontecia uma exposição contemporânea sobre religião e fé cristã.
O Museu diz que as obras da exposição são as respostas dos artistas contemporâneos a assuntos de religião e fé na atual realidade global, mas a Igreja Católica da Terra Santa pediu a retirada desta e de outras peças, como no tempo da Santa Inquisição.
No Brasil, a exposição “Literatura Exposta” foi censurada pela segunda vez (na primeira, a direção do Museu da Casa França-Brasil impediu usassem a voz do presidente Bolsonaro na instalação “A voz do ralo é a voz de Deus”).
Desta vez o governador Wilson Witzel, e o secretário de cultura do Rio de Janeiro proibiram a apresentação de uma perfomance sobre tortura pelo coletivo És Uma Maluca.
Em Cabo Verde, o poeta e artista plástico Tchalé Figueira, teve suas obras censuradas pela Assembleia Nacional, onde estavam expostas e a causar polêmicas de natureza moral.
Seus quadros foram removidos, sem nenhuma nota oficial da Casa de Leis de Cabo Verde, num ato clássico de autoritarismo e de censura, em larga escala contra as obras de arte.
Num momento em que observamos a ascensão de políticas fascistas e conservadoras em diferentes países assim como o retrocesso de diversas conquistas, tais fatos causam-nos preocupação com esta falsa moral.
Além de minha solidariedade, pontualmente, a estes artistas, cujas obras estão a ser atacadas neste cenário de trevas, quero emanar um sentimento de força a todos os artistas do planeta.
Continuem com o Vosso trabalho, a Vossa produção, a Vossa criação, ignorem seus críticos e esqueçam os conservadores, façam da Arte a trincheira por um mundo Justo.
Não era minha intenção filosofar sobre arte neste texto, mas não o posso encerar sem falar do belo artística, porque a beleza é tanto imanente quanto transcendente, amo-a de(e em) todas as suas (trans-) formações, as suas inversões e extroversões, fundamentalmente, híbrida, entre humanidade e mito, e arte, essa coisa - tal qual a felicidade - que não existe, mas que, afinal de contas, inventamo-la para amar o que amamos.
Porto, 14/01/2019
© Francisco Weyl
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