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Mostrando postagens de 2021

Renascido das cinzas, "Mazagão" é o novo filme do Carpinteiro de Poesia

  O que era para ser um filme épico tornou-se um processo criativo o de 16 anos, em que o realizador, produtor, pesquisador, antropólogo das imagens, e poeta Francisco Weyl deixou maturar como um bom vinho a se degustar com os melhores amigos. A obra é um curta quase média metragem de cerca de 18 minutos nos quais o criador alterna imagens fotográficas com imagens capturadas em Super-8 milímetros, ambientadas por uma canção ameríndia autoral do falecido poeta e compositor Konstantin Richter, que autorizou ainda em vida o uso da música no filme. Mazagão, a cidade fênix é estruturada por um longo texto do realizador no seu devir pesquisador, onde Weyl recorre à Semiótica para falar de Mazagão, seu deslocamento e ressurgimento, a mise-em-scene das representações das batalhas entre mouros e cristãos, as vias de pesquisa temática de Mazagão, e da própria metafísica mítica que envolve a tríade África-Europa-Brasil. O filme Mazagão, cidade fênix também renasceu das cinzas, tendo estado adorme

Para pensar-fazer o cinema na Amazônia (Por Carpinteiro de Poesia)

  O cinema é a arte do silêncio e da síntese, a arte do tempo e da comunhão. A arte cinematográfica é uma ferramenta educativa que nos faz repensar as práxis sociais. Um instrumento pedagógico que é também arma de guerra e de propaganda, sendo capaz de construir ou de destruir, formar e de-formar civilizações. O cinema opera no inconsciente de quem assiste a um filme, pelo processo de fragmentação/justaposição das imagens (fotogramas), produz no cérebro a ilusão do movimento. Quando praticamos cinema, portanto, operamos com uma linguagem artística, cujos signos afetam o inconsciente e o imaginário das comunidades, com as quais nos relacionamos enquanto pesquisador/realizador. E as projeções tornam-se num palco de vivências, cujas reais experiências são afetadas por imagens ficcionais. O resultado desta simbiose catártica são diversas relações de identidades entre a comunidade e as obras cinematográficas que produzem e/ou assistem, quando estas lhes são projetadas. Mas os fenômenos cu

A crônica e o despropósito

Saguenail interroga as imagens e de suas respostas ele constrói a narrativa documental. Disse-me isso numa entrevista que perdi, assim como muitos de meus filmes e conteúdos imagéticos ditos brutos, não finalizados para documentário ou outros projetos audiovisuais. E este não foi o primeiro material pelo qual muito trabalhei para o produzir que eu o perdi. Tenho muitos filmes que se tornaram narrativos porque os perdi. Encantaram-se no terreno do mito. Capaz que eu os re-filme um dia, quem sabe? Saguenail interroga as imagens que capta por quaisquer razões, e, destas, revela uma lógica filosófica documental audiovisual, mas, muitas das imagens que eu captei - e que perdi, não as poderei interrogar, quando muito, posso fazer um redobrado esforço para re-memoriá-las, re-contando-as, e assim reescrevo meus filmes, ainda que eu tenha imagens fotográficas destas produções, mas não mais os materiais audiovisuais, os filmes. Não mais interrogo, portanto, estas imagens que perdi, entreta

"Caboco" marajoara aluno de Tó Teixeira receberá Prêmio de Mérito Acadêmico - Medalha Prof. Attílio José Giarola

Ele aprendeu tocar violão com Tó Teixeira na Década de 1960. Nesse período efervescente da juventude, tocava guitarra ou contrabaixo  nos Conjuntos musicais “The Snakes” e “Os Brasas”. Na Década seguinte (1970), criou suas primeiras composições. Em 1980, ganhou o Troféu Destaque do Ano com o Regional “Flor Amorosa”, em Campinas São Paulo, promovido pela Rede Globo local. Na segunda metade desta Década, começou a participar do grupo de seresteiros, hoje O Clube do Camelo, com o qual já gravou três DCs. Em sua trajetória, participou de festivais, fez shows em teatros, compôs o Balé Popular – A Dança dos Peixes Nairus (2005), e a Transopereta “Naíra Encantada” (2013). Até 2019, contabilizou 222 composições próprias, e em parcerias, instrumentais e com letras. Desde bolero ao samba ou samba-canção, do baião ao xote e deste ao carimbo, da guarânia a balada, do rock ao lundu, da toada a cantoria, do chorinho ao merengue e à cúmbia. O modo paraense de ser, a vida interiorana, e o sonho de um

Audiência Pública quer saber porque a prefeitura não promove a educação quilombola em Bragança do Pará

As dificuldades para a implementação da educação quilombola no Município de Bragança do Pará serão tema de Audiência Pública. Vitória da Associação de Remanescentes Quilombolas da Comunidade do América - ARQUIA, os trabalhos sessão será presididos pelo promotor público João Batista Araujo Cavaleiro de Macedo Júnior. Aberta à comunidade, a audiência acontecerá a partir das 9h do dia 12 de Agosto, no Salão do Juri do Fórum da Comarca (Avenida Nazeazeno Ferreira, bairro do Perpétuo Socorro, Bragança do Pará). De acordo com a presidente da ARQUIA, Roseti Araujo, a ideia é recolher contribuições para embasar a tomada de decisões com relação ao assunto. Além de ouvir representantes de entidades da sociedade civil sobre as principais reclamações relativas à implementação da educação quilombola em seu território, o MP quer conhecer quais as políticas públicas que estão sendo adotadas para resolver os problemas. Pessoas e entidades interessadas em participar das exposições podem fazer inscrição

CRÔNICAS BRAGANTINAS: 45 dias de ajuruteua

  Mudei-me para Ajuruteua no dia que tomei a primeira dose da Astrazeneca, mas não estava nenhum pouco de corpo mole, antes, ao contrário, entusiasmado, por mudar de cidade e em certo sentido, mudar de vida. Habitava uma kitnet no centro de Belém, espaço pequeno e calorento, que dividia com Roberta Mártires, sendo que ela também fez esta viagem comigo até a praia, onde hoje, depois de um mês e meio, consigo esboçar os primeiros relatos sobre este processo. Processo porque a vida em si é uma construção, em mutação. Nômade por excelência, hoje estou a fazer uma coisa que eu sempre quis fazer que é morar na praia. Quando chegamos, encontrei a Casa do Professor desabitada, em razão da pandemia, raramente havia hóspedes por aqui, que tanto acolhemos, e nem pessoas da família. A Casa tem este nome por causa de meu falecido irmão, Nonato, que teve uma parada cardíaca enquanto ministrava aulas, um choque para todos. Ainda guardamos o capacete vermelho que meu irmão usava, hoje, sím