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Mostrando postagens de novembro, 2014

#PLATEAU - Um Festival que não tem fim

Por © Francisco Weyl, Carpinteiro de Poesia A projeção do filme “Eden” (Daniel Blaufuks) no final desta tarde (30/11) marca o encerramento do 1ª Edição de PLATEAU - Festival Internacional de Cinema da Praia. Após a sessão, o diretor do Festival, Ivan Santos, anuncia os vencedores do certame que começou dia 21/11, com a exibição do filme “Alma Ta Fika” (João Sodré). Há várias questões a destacar a título de análise, avaliação. A primeira delas é uma saudação especial aos organizadores e coordenadores e colaboradores, que compuseram a equipe do Plateau. Com apoio do Pelouro da Cultura e da Câmara Municipal da Praia e ainda do próprio Ministério da Cultura, o Plateau escreve desde já o seu nome na história dos Festivais internacionais. Mas, mais que um simples evento que envolve recursos públicos, o Festival Plateau quer ser uma plataforma e uma rede, contínua, que forme e divulgue o cinema, resgatando o gosto por este arte entre os cabo-verdianos. O Festival devolveu um cinema a Cinema a

Barriga de atum na grelha

Manoel Alves já vendeu muito mais de uma tonelada de atum. Há vinte anos em Cabo Verde ficou bastante conhecido pelo restaurante "Casinha Velha", perto da Capela, na Atchada Riba - Atchd'Santanton (com licença poética do meu Brasi-kryolo). Cá, na cidade da Praia, do meu tempo eram muitos restaurantes com o nome casa, aliás , "Casa Nova", onde comia cavala fumada feita por um português que era dono deste restaurante e cujo nome não recordo, pra variar, e a "Casa Bela" , que eu acho que era do Baluka e do Cesar, e que reunia a nata da malandragem, gente do bem, poetas, fotógrafos, realizadores , intelectuais , jornalistas , arquitetos, artistas plásticos e os cabeças meus amigos .     São tantas as casas mas eu, nômade que sou , contento-me em não carregar muitos objetos, porque a minha alma já pesa demasiado, com todos estes sentimentos e estas energias . Mas - voltando à "Casinha Velha" , ela nem existe mais, embora o lugar ainda seja o mesmo

Antônio Loja Neves, meninos, eu vi

Antônio Loja Neves não revela a idade, entretanto assume que tem 40 anos de festival. E de posse desta experiência, não poupa elogios  à comissão organizadora do #PLATEAU. Já morou em Cabo Verde e acompanha o país - de Lisboa , "que é muito diferente de estar cá", comenta. Jornalista de profissão, ele diz que gostaria de ser fabricante de sonhos, entretanto, gosta do que faz e o faz de forma profissional. E essa sua convicção também se reflete naquilo que ele tem se dedicado neste Festival. Loja Neves, todas as tardes, incansavelmente a seguir aos almoços, ele comanda, junto com a jornalista Margarida Alves Pereira, as projeções de cinema para crianças. Eles dois fazem a diferença neste Festival, que tem este componente, a formação de plateias, entre as crianças, e nas comunidades mais distantes do Plateau. Duas setas certeiras, pelo que a coordenação e os colaboradores, a Câmara Municipal e o povo de Cabo Verde estão de parabéns. Aliás, estes dois pontos foram ressaltados na

Na Universidade de Cabo Verde, com Carlos Sá Nogueira

#Honrado esta manhã mais que uma visita, um diálogo com a juventude da Universidade de Cabo Verde, onde narrei um pouco da nossa experiência com formação de coletivos audiovisuais, cinema e cineclube de guerrilhas na Amazônia, projetando também filmes produzidos pelas comunidades quilombolas de Tabatinga - Cametá, com apoio da Prefeitura local, UNICEF e UFPA.  Na foto, o amigo jornalista Sá Nogueira que nos acompanhou nesta sessão    Nota: Sá Nogueira captou o áudio de minha fala, assim que a digitalizar, disponibilizo-a neste espaço.

A África tem de se reapropriar de sua História

O realizador angolano Dom Pedro foi um dos convidados para a Roda de Conversa que ocorreu nesta terça, 25/11, no Palácio da Cultura Ildo Lobo, no âmbito do #PLATEAU – Festival Internacional de Cinema de Cabo Verde. Antes, entretanto, conversamos sobre diversos assuntos relacionados à sua cinematografia e a produção do cinema no Continente Africano, assunto que ele tematizou na Roda, logo depois de eu falar sobre “Cineclubismo de Resistência”, cujo “discurso” publicarei breve neste espaço, de forma a contribuir com a História que se está a construir neste momento na Cidade da Praia, capita de Cabo Verde. Dom Pedro afirma; “Com o cinema, podemos conscientizar e educar facilmente, porque é instrumento muito importante para comunicar com o mundo e valorizar a nossa cultura, para que os mais jovens conheçam o passado e possam intervir no presente, ou seja, evitar os erros dos antigos, e permitir aos mais jovens, que amanhã ou depois serão os governantes africanos, uma melhor visão da realid

Nasce o novo cinema Cabo-Verdeano

O Fórum Plateau que se realiza nesta quinta-feira, 27/11/2014, no âmbito do Festival Internacional de Cinema de Cabo Verde não quer apenas pautar estratégias de políticas públicas para o setor no país. Há consenso entre os organizadores de que o momento é histórico e marca tanto o (re)nascimento do (NOVO) Cinema Cabo Verdiano, quanto faz com que este país, pela sua privilegiada posição geográfica, se torne um catalizador das ações cinematográficas realizadas no Continente Africano, no Brasil, em Portugal e nos demais países do mundo. O Presidente da Associação de Cinema e Audiovisual de Cabo Verde, Júlio Silvão, diz que a sociedade civil tem de agir; “Ficamos a ver o barco passar, quando deveríamos estar no timão”, desabafa. Pessoa simples, de poucas palavras e muita ação, Silvão é um dos idealizadores e coordenadores do #Plateau. Ele destaca que Cabo Verde chegou a tem produção de cinema nos idos 1950, mas que o mercado foi tomado com o tempo pela televisão: “A cultura tem de sair da

Armas, lavas e palavras de um moçambicano em Cabo Verde

O escritor, poeta, romancista e jornalista moçambicano Nuno Rebocho, 69 anos (40 de jornalismo) foi detido pela foi detido (em Peniche), julgado e condenado a 5 anos de prisão pelo Estado Novo de Salazar (1967 e 1972). Nascido em 1945, estudou direito mas desistiu da profissão: “Foi a vida que me ensinou, porque, se tivesse me formado em Direito, eu seria um péssimo advogado”, diz. Líder comunista estudantil, Nuno afirma ter conhecido os “camaradas do Araguaia”, entre os quais o (João) Amazonas e (Diógenes) . Antes de começar a praticar o jornalismo, entretanto, Nuno foi (“com muito orgulho”) o que a maioria dos anarquistas foram, tipógrafo. “Oficial de vários ofícios”, chegou a ser comissário de uma Bienal de pinturas na Croácia, fez filme sobre Eugênio Tavares (com o documentarista cabo-verdiano Júlio Silvão). Cabo Verde, Guiné-Bissau, Senegal, Angola, Portugal, Espanha, França, e Brasil, entre outros, são países que estão na sua rota nômade, tornando-se amigo, por isso mesmo, de per

O cinema afro-luso-brasileiro em debate

Quatro realizadores afro-luso-brasileiros protagonizaram nesta terça (25/11) os primeiros debates sobre o cinema africano no âmbito do #Plateau – Festival Internacional de Cinema de Cabo Verde, que acontece até dia 30/12 na Cidade da Praia. Júlio Silvão (Cabo Verde), Dom Pedro (Angola), Jorge Murteira (Portugal), e Francisco Weyl (Brasil) participaram de uma Roda de Conversa, que tematizou diversos assuntos relacionados á formação, produção e realização audiovisual em países africanos. O diálogo aconteceu no Palácio da Cultura Ildo Lobo e contou com a participação de cerca de quinze pessoas, que acompanham o Festival. As questões levantadas pelos participantes da roda foram diversificadas, desde as pautas estéticas até as econômicas. O cinema documental e o ficcional estiveram na ordem do dia, a partir das diferentes realidades que compõem o cenário da produção do cinema no Continente Africano. O caso O fato de Nigéria ser o maior produto de cinema mundial e de Cabo Verde ter posição e

Cabo Verde, fênix renascida

O episódio recente da erupção do vulcão do da Ilha do Fogo, em Cabo Verde, por mais paradoxal que seja, serve para revelar ao mundo o quanto são solidários os filhos desta terra. A despeito de suas fragilidades econômicas e sociais, os cabo-verdianos mais uma vez estão a dar exemplos para o mundo. Além dos muitos gestos pessoais de pessoas que se dispõem a ajudar de forma anônima, garantindo estruturas para aqueles que mais necessitam, aqui na capital, a Cidade da Praia, há diversos postos para recebimento de doações, que estão a ser enviadas para o Fogo. Ou seja, por mais que a natureza demonstre a fragilidade humana para suportar as suas catástrofes, Cabo Verde, como fênix, renasce. Em Chã das Caldeiras, há muitas perdas, mas o que este país está a ganhar tem um valor ainda maior que as centenas de milhares de euros “torradas” pelas larvas. Não se trata de recursos financeiros, mas de humanidades. As pessoas estão irmanadas numa onda de emoção e ação que atravessa as ilhas, os oceano

Sebastião Alba: Arte poética e imagem

Minha conferência em Cabo Verde sobre o poeta Sebastião Alba [1] Francisco Weyl, Carpinteiro de Poesia [2] 1.       A imagem É minha intenção analisar uma fotografia que eu próprio obtive no ano de 1998, na cidade de Braga, Portugal, mais exatamente no depósito localizado aos fundos de um abrigo de idosos, aonde àquela altura habitava o poeta lusíada Sebastião Alba. Eu capturei esta imagem porque estava a fazer um documentário sobre o poeta fotografado. Esta foto a qual me refiro, eu a capturei à cor, mas revelei-a à preto e branco e com o negativo invertido - e o fiz por mera experimentação, já que mal acabara de me matricular no curso de cinema, no âmbito do qual eu estudaria um ano de fotografia, pelo que, portanto, estava demasiado empolgado com a possibilidade de manipular imagens. Há portanto, entre eu e esta imagem uma relação afetiva, primeiro porque naquele sagrado dia eu conheceria o poeta ao qual eu me dedicara procurar e segundo pelo prazer de tê-la captado. Esta e outras i