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Mostrando postagens de outubro, 2024

Migração e identidade: a hibridização cultural dos Brasileiros em Portugal

O pensamento é tanto um puzzle quanto um pêndulo, tem uma estrutura modular, mas uma circularidade que reflete a própria condição humana. Se observarmos, por exemplo, as conquistas romanas, como este Império se expandiu até a Península Ibérica, nós observaremos que a médio e longo prazo, a construção de uma identidade linguística, ou de uma Nação, ela se origina no desmanche da língua, no latim vulgar, portanto, é esse latim vulgar que se expande, culturalmente, exatamente porque eram, por assim dizer, vulgares, ou pertenciam a subcategorias ou a submundos, os romanos que se deslocavam de Roma para habitar em outros países, a começar pelos próprios soldados, que pertenciam a castas inferiores e, portanto, não tinham o domínio da língua culta, e os pequenos comerciantes e demais pessoas que se deslocavam de Roma para habitar os demais países em busca do ouro.  E essa colonização, portanto, ela se dá de baixo para cima, com a presença de pessoas das castas mais baixas que não tinham o do

Entre aforismos e reflexões sobre a existência - análise crítica da obra de Jaime Pretório

A obra, mesmo não sendo uma extensão do artista ou propriedade do público que a ressignifica, é uma potência inerente e transcendente ao próprio artista, entretanto, um escritor, como, em geral, um artista, não se resume ao que ele escreve, ao que ele concebe. A obra de Jaime Pretório, em especial sua coletânea “1000 Aforismos recortes de uma vida” vai além das palavras e das ideias que ele usa para expressar sua ampla reflexão sobre a condição humana, nestes tempos em que já nem sabemos ao certo se sobre ou sub vivemos. Nesta obra, o autor discorre sobre questões cotidianas, convocando-nos a uma jornada de introspecção, a partir de aforismos sobre normas sociais, dogmas religiosos, convenções filosóficas, mensagens poéticas. L er o autor impõem-nos desafios, ainda que na sua estilística aforística ,  o sinta gma  frasal se encerre em si próprio ,   através de  uma mensagem fragmentária, no caso d e  Pretório, uma mensagem fragmentária sobre os diversos temas que dizem respeito à própr

O CÓDIGO POÉTICO - Carpinteiro de Poesia

Há uma ciência antiga, que tece nomes e formas do vazio,  Como se a própria história respirasse  Entre as frestas dos esquecimentos,  Sibilando segredos que só o tempo conhece. E nessa busca por sentido, o verso se espalha,  Roubando da incerteza a sua razão de ser. Caminha, fragmentado pela terra das contradições,  Onde cada palavra é ao mesmo tempo verdade e negação. Do caos em letras esquecidas surge um poema  Palavras suspensas, nas margens de ideias rotas,  Um fio de som e vento, que rasga o espaço  entre a certeza e o duvidar.  Uma ponte inacabada de significados,  Que se estende do coração ao conceito. Assim, o poema se constrói,  Como quem aprende a falar outra vez,  Entre vozes que ecoam de uma era  Antes do entendimento ser algo tangível,  Mas já carregado de tudo. Sons falam em códigos, línguas esquecidas,  Nas sombras da razão, onde o tempo é mudo,  Mas o verbo insiste em existir.  A escrita arranha superfícies ancestrais,  Inscrições de quem ousa traduzir  O que o silêncio

O orvalho e o ovário - Para Roberta Mártires

Fazer teu corpo Com areia e barro O cimento E o acabamento O orquidário Numa casa Pré-montada Em noite enluarada Ler um poema Em silêncio e cio Amar do rio Os sons das águas Barrentas Que rebentam dentro De nossas almas Metamorfoseadas Tu borboleta E eu largarto Os vagalumes Divagam E as estrelas apagam A gravidade Como um pêndalo Que contorna A borda das espirais Para além das aldeias E das estradas Apagadas Das memórias Em poeiras Cósmicas Invento um vento Um tempo lento Bem lento Onde todo movimento É inércia De um sonho Que tem cheiro De incenso Como num verso Poético Que viceja à fórceps Carpinteiro de Poesia Lisboa, 11.10.2024

O cinema, a crise climática e os impactos na Amazônia e no Brasil - Por Carpinteiro de Poesia

A crise climática avança como uma sombra sobre os ecossistemas, sufocando a vida que pulsa na biodiversidade e fragilizando a existência das comunidades indígenas, das populações extrativistas, ribeirinhas, quilombolas, pequenos agricultores e daqueles que resistem nas periferias. Essas terras e rios, que sempre foram fonte de sustento e sabedoria, agora enfrentam a fúria de uma natureza desequilibrada. Na imensidão da Amazônia, as secas, que outrora vinham em ciclos conhecidos, tornaram-se implacáveis. O desmatamento desenfreado e o impiedoso El Niño cortam o fluxo da água que nutre a vida, transformando a terra em pó e comprometendo a mesa das famílias. Em 2024, essa seca, a maior de todas, esvazia os rios, isola vilarejos e leva embora a certeza do amanhã, privando as gentes de água, alimento e o caminho por onde passam suas esperanças. As comunidades, tecidas pela relação ancestral com a floresta, agora veem seus modos de vida escorrer pelos dedos. Perdas incontáveis em biodiversid