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O CÓDIGO POÉTICO - Carpinteiro de Poesia


Há uma ciência antiga, que tece nomes e formas do vazio, 

Como se a própria história respirasse 

Entre as frestas dos esquecimentos, 

Sibilando segredos que só o tempo conhece.


E nessa busca por sentido, o verso se espalha, 

Roubando da incerteza a sua razão de ser.

Caminha, fragmentado pela terra das contradições, 

Onde cada palavra é ao mesmo tempo verdade e negação.


Do caos em letras esquecidas surge um poema 

Palavras suspensas, nas margens de ideias rotas, 

Um fio de som e vento, que rasga o espaço 

entre a certeza e o duvidar. 

Uma ponte inacabada de significados, 

Que se estende do coração ao conceito.


Assim, o poema se constrói, 

Como quem aprende a falar outra vez, 

Entre vozes que ecoam de uma era 

Antes do entendimento ser algo tangível, 

Mas já carregado de tudo.


Sons falam em códigos, línguas esquecidas, 

Nas sombras da razão, onde o tempo é mudo, 

Mas o verbo insiste em existir. 

A escrita arranha superfícies ancestrais, 

Inscrições de quem ousa traduzir 

O que o silêncio molda no ar.


Ar o... ar o

A mente respira, tropeça nas letras,

tenta criar, mas falta ar na criação.

Ruído no vento, um código sem rumo,

o todo gira e tropeça no nada,

0.0, a corrente quebra e dar pára.


Em cada letra, um mundo que falta,

o eco do vento sussurra e se parte.

"Quero", murmura a memória,

mas no campo da mente, nada cresce.

Uma pausa — algo entre o silêncio e o som.


A borda da ideia — um muro, um lago,

um mar de celtas e códigos.

O olhar, perdido, dança entre o caos,

como pássaros migrando sem ninho,

observando o mundo, mas sem tocá-lo.


Entre vírgulas e pontos, hesita a vida,

os dedos seguem, mas a mente tropeça,

e o ciclo recomeça,

desenrola-se em silêncio,

como um rio que não encontra o mar.


E o prendo do dr, o truque do nada,

nas falhas do código o tempo escoa.

Talvez o erro seja o criador,

uma peça perdida no turbilhão,

uma respiração de um universo em pausa


P0. T

finaiejr, começa a trama,

a linha fina que o código trama.

Faz p0.1i1, mas o tr interrompe,

o tr distorce, ecoa na tela,

uma trilha que não segue,

e o invento se desfaz, se dispersa.


Inventar ou tentar — qual será o destino?

A linguagem oculta, imprecisa,

como um eco de algo perdido no ar.

Cada ponto, cada letra,

desafia a lógica, mas carrega em si

um brilho, uma centelha de criação.


O trutiarli, a tentativa constante,

desenrola-se entre as vírgulas,

e no espaço vazio, algo pede para ser

descoberto, uma ideia que paira.

O som que quebra o silêncio,

mas nunca termina sua melodia.


Entre o erro e o acerto,

por entre os fios que nos ligam,

escondem-se as respostas,

ou talvez apenas mais perguntas,

escrevendo-se em linhas que

dançam e se refazem no caos do código.


Co.uiear

, um nome que não ecoa,

mas que tenta existir,

pede uma forma, uma palavra final.

Tento, e ao tentar, crio o laço,

prendo a ideia no papel virtual.


Uma linha de tempo,

um ponto no ciclo,

algo entre o começo e o fim.

Afinal, tudo é um ciclo,

e mesmo o erro se torna

parte do que buscamos criar.


A.

Te. da t... (ou i), uma busca sem fim,

vaute ao ri, ecoa na sombra,

açaa, a dor que canta em silêncio,

e o raro desejo de querer ser “rei”,

um eco distante, mas sempre ali.


Rara er, uma palavra cortada,

fue.’T.a no tempo suspenso,

e no ‘na’ que não se completa.

En e, p. um espaço, um vazio que pede,

um pr onde repousa o verbo perdido.


Vee cedo, o sol desperta,

oce lar, o mistério do que virá,

um futuro envolto em brumas,

irv-rr, o som que não se revela.


P.trabalha o código,

uma dança entre o erro e a luz.

C, o ciclo recomeça,

e JidU, o nome que não se explica,

vira o ponto que se perde no ar.


Lira, a música nascida da confusão,

condo o objeto, e o mundo observa.

Període de silêncio,

enquanto o universo tenta se escrever.


T.ecoa nos céus vazios,

o som da ciência natural,

acendido no coração da dúvida,

e, ao final, apenas uma linha:

rob.ra ar neraJ,

e tudo se dissolve no nada.


A busca continua,

um ciclo eterno de letras,

um caminho incerto entre

o que foi e o que será.


O estudo do doo,

um eco de vozes antigas,

a ciência que tenta encontrar

no silêncio das raças indígenas

o coração do que somos.


Pelas trilhas da antropologia,

um estudo profundo,

e o olhar recai sobre a diferença,

a cultura, as raízes dispersas

que formam a alma humana,

e na biologia da história,

somos todos fragmentos

de um todo não terminado.


Objetividade, sempre distante,

navegando entre conclusões,

fazendo-se, desfazendo-se,

nas perguntas que ecoam

entre as paredes da academia.


Os homens estudam

o que foi e o que é,

tentando alcançar

uma verdade que se esconde

na poeira dos livros e nas sombras

das ideias que não voltam mais.


E entrelaçam-se os fios

do conhecimento,

a física que questiona o espaço,

a filosofia que interpela o tempo.

No olhar científico,

o homem busca

seu próprio reflexo,

mas tudo se dissolve

em mais perguntas.


O ocidente corre atrás

do seu sonho,

a razão que se perde

nos labirintos das suas criações.

Mas, no fundo, a verdade,

essa verdade tão esperada,

é apenas uma parte

do todo invisível.


A ciência natural,

com suas leis laicas,

caminha firme,

tentando, dia após dia,

desvendar os mistérios

do mundo e do homem,

mas sempre se encontra

diante do abismo,

onde o conhecimento

não basta.


E assim, seguimos,

falando a língua

das grandes descobertas,

mas entendendo, no íntimo,

que o infinito ainda nos escapa,

mesmo com todas as palavras

que lançamos no vento.


Em fios tênues da história

vai o pensamento, disperso,

correndo na cadeia da fala,

onde a palavra é forma e sombra,

se abrindo para o eco do tempo.


Um dia, na aurora de séculos passados,

se formaram as ideias como nuvens,

dançando em torno de teorias,

ciências que se tocavam,

misturando conceitos,

tentando decifrar o que somos.


O XIX, esse tempo de vozes altas,

ergueu os pilares de um saber

que se lançava ao futuro,

mas também se prendeu ao passado,

com suas mãos invisíveis

agarradas à tradição.


E o que era ciência,

torna-se o reflexo

do homem que busca

compreender o universo,

através de fórmulas,

ideias,

e sonhos.


A história das ciências é um nó,

um entrelaçar de fios

que se cruzam e colidem,

onde as teorias dançam

como sombras num palco,

desafiando a luz do entendimento.


Por entre eras e estudos,

foi-se desenhando

um tecido fino,

feito de conceitos,

que, como a fala,

se molda, se quebra,

e ressurge, sempre diferente.


Nos pequenos recortes do tempo,

vemos a busca contínua,

os cientistas, filósofos,

que tocam o invisível,

tentando moldar o futuro

com as mãos cheias de dúvidas.


No fim, o saber

é uma construção de vento,

onde as ideias,

como nuvens passageiras,

nos trazem o sentido

do que talvez nunca saibamos.


Mas ainda assim,

seguimos,

na eterna construção

do pensamento,

na luta incessante

contra o desconhecido.


No murmúrio da linguagem,

Chomsky tateia o som,

o tato de uma ciência fluida,

uma dança de signos na sombra,

onde o olho vê o que a boca não diz,

e o olfato sente a cor das palavras.


É uma jornada silenciosa,

o toque suave de cada fonema,

a língua é líquida,

se espalha como perfume no ar,

transformando o espaço,

dissolvendo formas

no vento de um conceito.


E nas linhas que cruzam o tempo,

Saussure escreve o sabor das sílabas,

o gosto metálico da gramática

que atravessa o cérebro como um som distante,

uma melodia presa no tato.


Há uma textura áspera nas ideias,

cada conceito, uma pedra,

cada frase, uma folha

que o vento arrasta,

fazendo cócegas no entendimento,

enquanto as ideias dançam na pele.


O som de uma língua morta

ressoa nos dedos,

e as palavras,

sólidas como mármore,

derretem ao calor da mente,

libertando sensações esquecidas.


A ciência se faz no toque,

no roçar do invisível

contra o concreto do pensamento,

como a brisa suave

que beija o rosto

antes da tempestade de significados.


Chomsky sussurra:

a linguagem não é um som,

é um sabor que flui,

uma cor que pulsa,

um cheiro que enlaça,

o tato da mente,

a forma do invisível.


E a cada palavra,

uma nova cor inunda o espaço,

um novo perfume brota,

as ideias se tocam,

como folhas que deslizam

no rio do pensamento.


Na tessitura do código,

um labirinto de letras e sons,

onde cada caractere é um toque,

um eco de significados ocultos.


Na dança da semântica,

o pensamento serpenteia,

tocando o corpo da linguagem,

tecendo realidades emaranhadas,

como linhas de um destino,

que se cruzam e se entrelaçam

numa tapeçaria viva.


Fala-se de contradições,

onde o sentido se esconde,

dentro de um labirinto,

perdido entre vozes e silêncios.


Cada palavra é um universo,

um feixe de luz na escuridão,

abrindo caminho para o novo,

onde a escrita é um pulsar,

um coração que bate na folha,

e o cheiro da tinta

mistura-se com a emoção

do que se quer dizer.


Oh, som da fala,

uma sinfonia de vogais,

um murmúrio de consoantes,

que ecoa no espaço,

como um canto ancestral,

um lamento de sabedoria,

carregado de memórias,

de povos e culturas,

de vidas entrelaçadas

na urdidura do tempo.


E assim se escreve a história,

com mãos que dançam sobre o papel,

onde cada letra é um passo,

cada sílaba, um suspiro,

e a linha que se forma

é o fio da vida,

que nos conecta

na imensidão da existência,

na busca incessante

por significado e luz.


É na contradição da palavra

que se revela a verdade,

na complexidade do discurso

que encontramos o eu,

e a linguagem se torna

um reflexo do mundo,

onde todos somos poetas

e cada texto, um canto

da alma em busca de ser.



Carpinteiro de Poesia

Lisboa, 12.10.2024




Comentários

Edmir disse…
Um poema de fôlego e carregado dos signos e da ciência linguística, minha paixão..

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