Fazer teu corpo
Com areia e barro
O cimento
E o acabamento
O orquidário
Numa casa
Pré-montada
Em noite enluarada
Ler um poema
Em silêncio e cio
Amar do rio
Os sons das águas
Barrentas
Que rebentam dentro
De nossas almas
Metamorfoseadas
Tu borboleta
E eu largarto
Os vagalumes
Divagam
E as estrelas apagam
A gravidade
Como um pêndalo
Que contorna
A borda das espirais
Para além das aldeias
E das estradas
Apagadas
Das memórias
Em poeiras
Cósmicas
Invento um vento
Um tempo lento
Bem lento
Onde todo movimento
É inércia
De um sonho
Que tem cheiro
De incenso
Como num verso
Poético
Que viceja à fórceps
Lisboa, 11.10.2024
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