A Academia de Letras do Brasil - seccional Bragança do Pará, reune-se no Salão Beneditino, na noite de 20 de Setembro de 2025, para reverenciar a memória do Mestre José Ribamar Gomes Oliveira, fundador deste Silogeu.
Reunimo-nos sob a luz da saudade, porque nos deixou o professor, poeta e memorialista José Ribamar Gomes de Oliveira. Sua ausência é ferida recente, mas sua vida é herança imensa. Não cabe apenas a tristeza neste momento, porque sua trajetória não se resume ao silêncio da partida: ela transborda em memória, em palavras, em instituições, em livros que se tornaram alicerces de Bragança.
Nascido às margens do Rio Caeté, no bairro do Cereja, no dia 11 de outubro de 1950, Ribamar trouxe em seu sangue a força do povo bragantino. Filho de Mara Teixeira Gomes e Edgar Pereira de Oliveira, cresceu em família numerosa, onde aprendeu desde cedo o valor do trabalho, da fé e do coletivo. Ao lado de Maria Inês Ribeiro de Oliveira, sua companheira de vida, construiu também a família que foi sua base, educando filhos que herdaram dele o compromisso com a dignidade e a simplicidade.
Formado em Letras e Artes pela Universidade Federal do Pará, foi orador da sua turma em 1997, gesto que já anunciava sua vocação para a palavra. Mas sua obra maior não se restringe às salas de aula: Ribamar se tornou guardião da memória bragantina, estudioso incansável da história e da cultura do Caeté. Por isso, foi reconhecido como Memorialista da História de Bragança, título que carregava não como medalha, mas como responsabilidade.
Sua produção intelectual é vasta. Quatorze livros publicados, entre eles De Vila Cuera a Bragança, Historicidade Jesuítica no Caeté, Paixões pelo Caeté, Bragança, onde está minha alma está você e, mais recentemente, O Meu Nome é Bragança, antologia poética com mais de duzentas páginas. Cada obra é testemunho de sua paixão por esta terra, sua determinação em registrar a vida das ruas, dos templos, dos rios, dos homens e mulheres que formam a alma bragantina.
Mas sua contribuição não se limita às letras. Ribamar foi um construtor de instituições: esteve na fundação da Academia de Letras de Bragança, da Academia de Letras e Artes de Bragança, do Instituto Histórico e Geográfico de Bragança. Criou a Escola de Poetas, espaço de estímulo e formação de jovens escritores, porque acreditava que a poesia é patrimônio coletivo, não privilégio de poucos. Era, portanto, um homem que plantava árvores cujos frutos seriam colhidos por gerações futuras.
Seus contemporâneos o chamavam de bússola ética, estética e afetiva. Ética, porque pautava sua vida na honestidade e no compromisso com a verdade histórica. Estética, porque cultivava a beleza da palavra e a dignidade da forma. Afetiva, porque sua presença irradiava humanidade, simplicidade e acolhimento.
Na Rádio Educadora, cuja fundação completou sessenta anos, sua voz ecoou em debates, entrevistas, leituras. Na Diocese de Bragança, que celebrou quarenta anos, ele esteve presente como filho desta igreja e deste chão. Ao lado da memória de Dom Miguel Maria Giambelli, cujo centenário também reverenciamos, Ribamar inscreve-se como figura incontornável da história local.
Hoje, nesta Sessão Saudade, não falamos apenas do que se perdeu. Falamos do que se ergueu. Falamos da cidade que ele nos devolveu em palavras. Falamos da história que ele registrou para que não fosse esquecida. Falamos da poesia que transformou Bragança em metáfora de si mesma.
José Ribamar Gomes de Oliveira não buscou ser o melhor. Ele buscou, como dizia, fazer o melhor. E nisso reside sua grandeza: ter feito de cada gesto uma entrega, de cada livro uma oferenda, de cada fala uma lição.
Sua morte nos fere, mas sua vida nos fortalece.
Sua ausência entristece, mas sua obra nos enriquece.
Seu silêncio é pesado, mas suas palavras permanecem leves e luminosas.
Que Bragança saiba guardar, com orgulho, a memória deste filho ilustre.
Que sua família encontre conforto em saber que ele pertence a todos nós, porque sua existência se tornou patrimônio coletivo.
E que nós, reunidos em sua homenagem, aprendamos com ele que o amor à terra, à cultura, à palavra e à justiça são legados que não morrem.
Descansa, Mestre Ribamar.
Teu nome é Bragança.
E Bragança, para sempre, será teu nome.
Carpinteiro de Poesia Francisco Weyl
ACADÊMICO ALB-BRAGANÇA - CADEIRA N. 35 - Patrono Cônego Pennafort
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