As populações quilombolas são duramente afetadas pela ausência de políticas específicas para atender suas necessidades.
E como se esta negligência não bastasse, a população negra brasileira sofre historicamente os efeitos do racismo estrutural.
A consequência desta realidade, de acordo com médico e antropólogo Hilton Pereira Silva, são os piores indicadores sócio-econômicos e de saúde registrados entre as populações negras.
Com a pandemia de Covid-19, a situação se agravou.
“A morbidade e a mortalidade da população negra é superior e são menores as taxas de vacinação que outros segmentos populacionais”, afirma Hilton, que é também é docente do programa de pós-graduação em Antropologia da UFPA.
Mestre em saúde, ambiente e sociedade na Amazônia - Saúde Coletiva (PPGSAS/ICS), Hilton vai conversar nesta segunda-feira (24 de Maio), com remanescentes quilombolas do América, de Bragança do Pará.
O diálogo será transmitido pela Internet, via canal do FICCA – Festival Internacional de Cinema do Caeté.
A programação marca a abertura do Americacine – Quilombo, sendo ainda um esforço para garantir o direito à saúde e proteger as vidas da comunidade.
SERVIÇO
O QUE - Palestra “Condições de vida e saúde das populações quilombolas e os impactos da Covid-19” (Prof Hilton Silva)
QUANDO – 24 de Maio, 18H
ONDE: https://www.youtube.com/watch?v=qDG08z4O91k
A água que cai do céu é fina, serena e funda, como quem sabe o que está fazendo. Cada gota que pinga sobre o rio carrega uma ausência. Há ruído de motor ao longe — daqueles pequenos, que levam a vida devagar. Mas hoje ele soa diferente: parece triste. E é. Ele carrega uma notícia que ecoa por entre os igarapés: Romildes se foi. Amazônia não costuma anunciar luto com alarde. Ela simplesmente se emudece. A várzea fica quieta. A floresta para um pouco. Os pássaros cantam mais baixo. É assim quando vai embora alguém que é raiz, tronco e folha do território. Foi assim quando partiu Romildes Assunção Teles, liderança forjada na beira do rio e na luta coletiva. Ele não era homem de tribuna nem de terno. Era homem de remo, de rede armada, de panela no fogo e conversa sincera. Era homem de olhar adiante, de palavra pensada, de gesto largo. Era Panacarica. Chovia em Campompema quando recebi a notícia. A chuva, sempre ela, orquestrando silêncios no coração da várzea. Era como se o ri...
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