Estamos juntos, mas nem sempre misturados, porque somos diferenciados em nossas pautas e nos encaminhamentos com relação ao confronto com o mercado.
Há muitos debates importantes ao movimento audiovisual da Amazônia Paraense.
E o momento de aprofundarmos esta discussão, por exemplo, sobre políticas públicas audiovisuais, política de editais, a maioria voltados para fortalecer o cinema de mercado.
São políticas editais excludentes, conceitualistas, curatoriais, cheios de artimanhas contemporâneas que criam uma onda em favor de um tipo de arte, apagando e excluindo o que se produz fora deste eixo do mercado.
E esta questão se coloca como um divisor de águas.
Quanto de dinheiro tem para o cinema da Amazônia?
E quanto deste dinheiro vai financiar o cinema de mercado>?
Quanto vai ter de dinheiro para quem não é empresário do cinema e do audiovisual?
Para quem cria e faz cinema comunitário, nas periferias e comunidades tradicionais e quilombolas e indígenas, cinema nos movimentos sociais e estudantis, cinema antropológico, para estas práxis coletivas que forma a juventude na cultura audiovisual - não comercial, e não submetida à lógica opressora colonial da Indústria Cultural?
O momento é muito importante porque vivemos uma disputa de narrativas que invertem valores e nos desafiam ao debate e `à sua radicalização.
E estamos a ver pessoas que nunca moveram uma palha pelo coletivo falando em cinema de guerrilha na Amazônia, cinema independente, mas financiado pela VALE...
Considerando o caráter e compromisso do cinema independente e crítico socialmente, não subordinado a ordem comercial do mercado ou perspectivas políticas de governos ou empresas, precisamos enfrentar esta questão e aprofundar o diálogo e o debate para também interferir nestas políticas e por isso estamos organizando um grupo de coordenadores de festivais e mostras de cinema paraenses para criar um FÓRUM, o Observatório dos Festivais, segundo três pilares:
1. Organizar um Fórum do Audiovisual Paraense, espaço de mobilização, debate e deliberação sobre as políticas e ações institucionais voltadas a fomento da produção, difusão e desenvolvimento do audiovisual no Pará;
2. Criar o Observatório do Audiovisual da Amazônia, como grupo de pesquisa e extensão que elabore e socialize dados sobre a produção audiovisual realizada na Amazônia, suas temática, sujeitos, tecnologias e formas de produção, assim como articular momentos de formação e reflexão coletiva sobre essa realidade e questões envolventes; e
3. Realizar, em certa periodicidade, o Festival dos Festivais de Cinema na Amazônia, congregando reliazadores dos diversos festivais num momento compartilhamento de experiências, debates e confraternização.
Francisco Weyl – FICCA – FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEM ADO CAETÉ
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