Belém só olha para umbigo e o belemense médio acha que o mundo gira a volta da capital do do Pará, razão porque, na hora de defender a União do Pará, fingem-se "paraenses", mas, quando vão viajar, ignoram os municípios do interior, preferindo outros lugares, sem jamais conhecer as riquezas e as diversidades destes locais, mas com toda sua empáfia, o belemense quer ser bem servido nas estações turísticas e nos litorais, onde age como predador, exatamente porque não se interessa pela sua prórpia realidade, almejando ideais distantes,americanos e europeus, referendados de forma subordinada ao colonislismo cultural, daí esta pretensão de que em belém tem tudo de bom, enquanto que nos demais municípios, nada, quando muito, citam os eventos mais “badalados” pelos interesses mediáticos e econômicos, o que se observa nos ditos pensadores das universidades e na classe média ou nas classes subalternas que almejam ser médias, uma pasmaceira burguesa, que privilegia a elite e exclui a sociedade, e isso a gente vê nos editais, assim como em tudo que Belém, concentra, nos mesmos espaços centrais onde os eventos se repetem como mais do mesmo, porque Belém não tem nenhuma orignalidade, considerando que o maior substrato de nossa cultura veio de outros lugares que não a capital, portanto, apesar de diversa, da arte paraense a gente só conhece o que esta casta que se autoprotege e se retroalimenta apresenta nos seus salões e galerias, nos seus teatros elitizados, nos espaços fechados, o que faz desta cidade um blefe, para se ter ideia, por exemplo, a única Bienal local financiada pela empresa que mais crimes ambientais comete em nosso país não tem sequer acessibilidade, o que revela muito bem a preconceituosa elite que se impõe como “mentora” cultural, no cinema, no teatro, na literatura... e por aí vai...
A água que cai do céu é fina, serena e funda, como quem sabe o que está fazendo. Cada gota que pinga sobre o rio carrega uma ausência. Há ruído de motor ao longe — daqueles pequenos, que levam a vida devagar. Mas hoje ele soa diferente: parece triste. E é. Ele carrega uma notícia que ecoa por entre os igarapés: Romildes se foi. Amazônia não costuma anunciar luto com alarde. Ela simplesmente se emudece. A várzea fica quieta. A floresta para um pouco. Os pássaros cantam mais baixo. É assim quando vai embora alguém que é raiz, tronco e folha do território. Foi assim quando partiu Romildes Assunção Teles, liderança forjada na beira do rio e na luta coletiva. Ele não era homem de tribuna nem de terno. Era homem de remo, de rede armada, de panela no fogo e conversa sincera. Era homem de olhar adiante, de palavra pensada, de gesto largo. Era Panacarica. Chovia em Campompema quando recebi a notícia. A chuva, sempre ela, orquestrando silêncios no coração da várzea. Era como se o ri...
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