Pular para o conteúdo principal

Terça Tríade


Há momentos que palavras confortam

Embora não tenham muito o que dizer

Outras vezes é o silêncio

Que toma a forma

Solidária

E nutre o pacto

De uns com os outros

Que somos todos nós

Seres humanos

Iguais em fragilidade

Mas não em arrogância

Ou na ganância

Talvez na comunhão

Assim dito eu fecho o pano

E saio de cena

Com o meu ego

Doentio

Sem moral da História

Mas com este poema

Que estava engasgado

Na garganta

E preso à míngua

De uma velha gaveta

Num quarto mofo

Onde guardo papeis

Amarrotados

E roupas

Rotas  


© Carpinteiro


...


Eu te convido para brincar

Um jogo sem regras

Um ritual em que leio poesias

Mostro meu álbum de fotografias

E narro histórias

Da cosmogonia de meu universo

E de lugares que conheci adulto

Mas que já os havia visitado

Quando criança

Em histórias suprahumanas

Cabem todos os mistérios


© Carpinteiro


...


Desejo que você reflita

Sobre como se sente

Em relação a mim

E de como atribui

A minha pessoa

O seu estado de espírito

Como se o que eu pensasse

Ou falasse ou sentisse

Fossem contra você

Mas cuidado

Quem sabe você está errado

Sobre o mal que lhe faço


© Carpinteiro


...

Estes textos aqui reunidos constituem a primeira sessão 
do Microprojeto TERÇA TRÍADE, 
pela via da qual publico três textos poéticos autorais neste espaço.
...........................................................................................................

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Panacarica: dois Anos sem Rô, mas a eternidade ainda Navega

A água que cai do céu é fina, serena e funda, como quem sabe o que está fazendo. Cada gota que pinga sobre o rio carrega uma ausência. Há ruído de motor ao longe — daqueles pequenos, que levam a vida devagar. Mas hoje ele soa diferente: parece triste. E é. Ele carrega uma notícia que ecoa por entre os igarapés: Romildes se foi.   Amazônia não costuma anunciar luto com alarde. Ela simplesmente se emudece. A várzea fica quieta. A floresta para um pouco. Os pássaros cantam mais baixo. É assim quando vai embora alguém que é raiz, tronco e folha do território. Foi assim quando partiu Romildes Assunção Teles, liderança forjada na beira do rio e na luta coletiva.   Ele não era homem de tribuna nem de terno. Era homem de remo, de rede armada, de panela no fogo e conversa sincera. Era homem de olhar adiante, de palavra pensada, de gesto largo. Era Panacarica. Chovia em Campompema quando recebi a notícia. A chuva, sempre ela, orquestrando silêncios no coração da várzea. Era como se o ri...

Cinema de Guerrilhas volta a Braga para segunda Edição

 Será no dia 26 de março de 2025, na sede da Associação Observalicia, em Braga, a segunda sessão das “Vivências do Cinema de Guerrilha – Resistência Climática”. Organizada por essa associação sem fins lucrativos, dedicada à pesquisa e atuação em alimentação, tecnologia e ecologia social, a ação propõe uma imersão no audiovisual como ferramenta de resistência e transformação social. Vamos continuar a trabalhar juntos na construção coletiva de filmes que denunciem as urgências climáticas e ecológicas atuais. A oficina busca democratizar o acesso ao cinema, utilizando tecnologias acessíveis, como celulares, para que comunidades e indivíduos possam contar suas próprias histórias e fortalecer sua luta ambiental. Como facilitador, trago minha experiência no cinema amazônico, onde venho desenvolvendo pesquisas e produções voltadas para a resistência cultural e ecológica. Como criador e curador do Festival Internacional de Cinema do Caeté (FICCA), sigo explorando as estéticas de guerrilha,...

Entre aforismos e reflexões sobre a existência - análise crítica da obra de Jaime Pretório

A obra, mesmo não sendo uma extensão do artista ou propriedade do público que a ressignifica, é uma potência inerente e transcendente ao próprio artista, entretanto, um escritor, como, em geral, um artista, não se resume ao que ele escreve, ao que ele concebe. A obra de Jaime Pretório, em especial sua coletânea “1000 Aforismos recortes de uma vida” vai além das palavras e das ideias que ele usa para expressar sua ampla reflexão sobre a condição humana, nestes tempos em que já nem sabemos ao certo se sobre ou sub vivemos. Nesta obra, o autor discorre sobre questões cotidianas, convocando-nos a uma jornada de introspecção, a partir de aforismos sobre normas sociais, dogmas religiosos, convenções filosóficas, mensagens poéticas. L er o autor impõem-nos desafios, ainda que na sua estilística aforística ,  o sinta gma  frasal se encerre em si próprio ,   através de  uma mensagem fragmentária, no caso d e  Pretório, uma mensagem fragmentária sobre os diversos temas qu...