A água que cai do céu é fina, serena e funda, como quem sabe o que está fazendo. Cada gota que pinga sobre o rio carrega uma ausência. Há ruído de motor ao longe — daqueles pequenos, que levam a vida devagar. Mas hoje ele soa diferente: parece triste. E é. Ele carrega uma notícia que ecoa por entre os igarapés: Romildes se foi. Amazônia não costuma anunciar luto com alarde. Ela simplesmente se emudece. A várzea fica quieta. A floresta para um pouco. Os pássaros cantam mais baixo. É assim quando vai embora alguém que é raiz, tronco e folha do território. Foi assim quando partiu Romildes Assunção Teles, liderança forjada na beira do rio e na luta coletiva. Ele não era homem de tribuna nem de terno. Era homem de remo, de rede armada, de panela no fogo e conversa sincera. Era homem de olhar adiante, de palavra pensada, de gesto largo. Era Panacarica. Chovia em Campompema quando recebi a notícia. A chuva, sempre ela, orquestrando silêncios no coração da várzea. Era como se o ri...
Estéticas de guerrilhas, poéticas da gambiarra e tecnologias do possível na Amazônia Paraense
Comentários
1. apropria-se corajosamente dos discursos nietzschiano e glauberiano de forma assumida, indicando suas fontes originais, e confrontando o posicionamento dos hipócritas que se apropriam de discursos e idéias sem indicar suas origens, tal qual faz a ciência com a magia;
2. apropria-se da arte e do cinema para defender a arte e o cinema dos hipócritas e dos burgueses, portanto, é também hipócrita porque faz um discurso no interior do sistema hipócrita;
3. apropria-se da floresta como METAFORA não iluminada pelos raios solares dionisíacos, - denuncia a cultura apolínea oculta sob as arvores da floresta;
4. propõe a destruição dionisíaca da floresta amazônica;
5. define os vaga-lumes da floresta como aliados dionisíacos que simbolizam fusões essenciais resultantes do encontro das artes dos índios oprimidos com os dominadores brancos e dominados negros).
©
Carpinteiro de Poesia e de Cinema