(Ultimatum a quem tem fome e sede e arte dionisíaca)
A Amazônia deve ser destruída artisticamente: não existe uma arte amazônica: o que existe é a vida amazônica e o homem amazônico: a historia de um logus espacial que vem sendo manipulado e dominado milenarmente.
Não se deve adequar outros mitos à Amazônia: não se deve adequar a realidade amazônica à realidade branca ou (pós? ) moderna.
Não se deve vender a Amazônia como um produto.
Preservar a Amazônia é preservar a essência da vida que pulsa no homem da floresta: a floresta é a expressão viva da natureza, um bio-espaço, no qual e através do qual é construída a psico-sociedade humana.
Esta Amazônia está em estado de arte: é ainda mítica: o mito não é imaculado nos arquétipos amazônicos.
Ha que se reconstruir o imaginário do homem que tem fome e sede de arte: a fome e a sede da Amazônia é artística: inexistem homens com coragem artística para defender visceralmente a Região e assumi-la como um símbolo de resistência contra a tradição hipócrita burguesa, que tem sufocado o ar que respiramos
A Amazônia sucumbe a um mercado que a instrumentaliza nos seus negócios: os tecno-burocratas enriquecem com uma cultura econômica que emburrece o homem amazônico e a sociedade de uma forma geral, com o apoio dos mass-média e o silêncio dos seus serviçais de plantão.
O homem amazônico, alienado, morre à fome, sem educação, saúde e trabalho.
O homem amazônico é um filosofo faminto: vê diante de si a sua fecunda riqueza, mas não tem forças para usar seus braços artísticos e intelectuais para transformar a natureza das coisas.
O homem amazônico trabalha: é um escravo do patronato cultural, imposto pelo mercado global, representado por um modo sulista brasiliano, este inspirado no modelo americano, standard dos vermes burgueses que se nutrem da podridão que geram: crianças prostitutas, violência e contradições sociais, televisão, mtv, futebol, carnafolia e todos os tipos de sado-divertimentos que iludem a consciência humana, etc. etc. etc.
Só tem espaço na Amazônia aquele que fecha os olhos para este estado de coisas.
A Amazônia deve ser destruída artisticamente: é preciso queimar esta floresta, cerrada, que não deixa o sol penetrar a terra, esta floresta, abafada, que suicida a luminosidade que herdamos dos céus dionisíacos e dos universos míticos que fundam a cosmogonia indígena.
Apolo está oculto sob as copas das arvores, sugando-as e fecundando-as, alimentando-as, destruindo-as, iludindo a vida amazônica com uma beleza demasiado serena, revelada em obras que incorporam símbolos temporais que se tornam obsoletos com o tempo gestado e desgastado no ventre da indústria cultural global: Apolo apagou a luz dos olhos artísticos, filosofais e humanos, amazônicos.
Esperemos e lutemos pelos raios do sol de Dioniso: abrir frestas, rasgar folhas, queimar troncos, desmatar esta estrutura romântica que nasceu quando o primeiro homem branco colonizador pisou esta terra mítica: o branco importou sua economia e sua cultura, entretanto, como não são estáticas (são migratórias) as essências artísticas, o encontro de dominadores e dominados permitiu, particularmente aqui na Amazônia, a fusão de elementos plástico-visuais e rítmico-sonoros que ainda hoje se dispersam sob as sombras da floresta, mas sobrevivem aos atentados patrocinados por intelectuais e fazedores de cultura que rondam o poder como os ratos circundam o lixo fétido e podre.
Estes elementos naturais e originais, resultantes da fusão essencial entre as artes brancas, negras e indígenas, são os aliados do sol dionisíaco: são vaga-lumes na escuridão apolínea, vaga-lumes que, historicamente, tem minado e clareado a consciência histórica, mítica, artística e política da Amazônia: há que transformar em realidade o nosso mito: o nosso mito é real, vem sendo assassinado pela hipocrisia burguesa moderna, mas resiste por si próprio e também através de artistas que tem força e coragem para gritar uma nova estética: a ezthetyka antropotragyka amazonyka.
©
Francisco Weyl
Carpinteiro de Poesia e de Cinema
A Amazônia deve ser destruída artisticamente: não existe uma arte amazônica: o que existe é a vida amazônica e o homem amazônico: a historia de um logus espacial que vem sendo manipulado e dominado milenarmente.
Não se deve adequar outros mitos à Amazônia: não se deve adequar a realidade amazônica à realidade branca ou (pós? ) moderna.
Não se deve vender a Amazônia como um produto.
Preservar a Amazônia é preservar a essência da vida que pulsa no homem da floresta: a floresta é a expressão viva da natureza, um bio-espaço, no qual e através do qual é construída a psico-sociedade humana.
Esta Amazônia está em estado de arte: é ainda mítica: o mito não é imaculado nos arquétipos amazônicos.
Ha que se reconstruir o imaginário do homem que tem fome e sede de arte: a fome e a sede da Amazônia é artística: inexistem homens com coragem artística para defender visceralmente a Região e assumi-la como um símbolo de resistência contra a tradição hipócrita burguesa, que tem sufocado o ar que respiramos
A Amazônia sucumbe a um mercado que a instrumentaliza nos seus negócios: os tecno-burocratas enriquecem com uma cultura econômica que emburrece o homem amazônico e a sociedade de uma forma geral, com o apoio dos mass-média e o silêncio dos seus serviçais de plantão.
O homem amazônico, alienado, morre à fome, sem educação, saúde e trabalho.
O homem amazônico é um filosofo faminto: vê diante de si a sua fecunda riqueza, mas não tem forças para usar seus braços artísticos e intelectuais para transformar a natureza das coisas.
O homem amazônico trabalha: é um escravo do patronato cultural, imposto pelo mercado global, representado por um modo sulista brasiliano, este inspirado no modelo americano, standard dos vermes burgueses que se nutrem da podridão que geram: crianças prostitutas, violência e contradições sociais, televisão, mtv, futebol, carnafolia e todos os tipos de sado-divertimentos que iludem a consciência humana, etc. etc. etc.
Só tem espaço na Amazônia aquele que fecha os olhos para este estado de coisas.
A Amazônia deve ser destruída artisticamente: é preciso queimar esta floresta, cerrada, que não deixa o sol penetrar a terra, esta floresta, abafada, que suicida a luminosidade que herdamos dos céus dionisíacos e dos universos míticos que fundam a cosmogonia indígena.
Apolo está oculto sob as copas das arvores, sugando-as e fecundando-as, alimentando-as, destruindo-as, iludindo a vida amazônica com uma beleza demasiado serena, revelada em obras que incorporam símbolos temporais que se tornam obsoletos com o tempo gestado e desgastado no ventre da indústria cultural global: Apolo apagou a luz dos olhos artísticos, filosofais e humanos, amazônicos.
Esperemos e lutemos pelos raios do sol de Dioniso: abrir frestas, rasgar folhas, queimar troncos, desmatar esta estrutura romântica que nasceu quando o primeiro homem branco colonizador pisou esta terra mítica: o branco importou sua economia e sua cultura, entretanto, como não são estáticas (são migratórias) as essências artísticas, o encontro de dominadores e dominados permitiu, particularmente aqui na Amazônia, a fusão de elementos plástico-visuais e rítmico-sonoros que ainda hoje se dispersam sob as sombras da floresta, mas sobrevivem aos atentados patrocinados por intelectuais e fazedores de cultura que rondam o poder como os ratos circundam o lixo fétido e podre.
Estes elementos naturais e originais, resultantes da fusão essencial entre as artes brancas, negras e indígenas, são os aliados do sol dionisíaco: são vaga-lumes na escuridão apolínea, vaga-lumes que, historicamente, tem minado e clareado a consciência histórica, mítica, artística e política da Amazônia: há que transformar em realidade o nosso mito: o nosso mito é real, vem sendo assassinado pela hipocrisia burguesa moderna, mas resiste por si próprio e também através de artistas que tem força e coragem para gritar uma nova estética: a ezthetyka antropotragyka amazonyka.
©
Francisco Weyl
Carpinteiro de Poesia e de Cinema
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