Antônio Loja Neves não revela a idade, entretanto assume que tem 40 anos de festival.
E de posse desta experiência, não poupa elogios à comissão organizadora do #PLATEAU.
Já morou em Cabo Verde e acompanha o país - de Lisboa , "que é muito diferente de estar cá", comenta.
Jornalista de profissão, ele diz que gostaria de ser fabricante de sonhos, entretanto, gosta do que faz e o faz de forma profissional.
E essa sua convicção também se reflete naquilo que ele tem se dedicado neste Festival.
Loja Neves, todas as tardes, incansavelmente a seguir aos almoços, ele comanda, junto com a jornalista Margarida Alves Pereira, as projeções de cinema para crianças.
Eles dois fazem a diferença neste Festival, que tem este componente, a formação de plateias, entre as crianças, e nas comunidades mais distantes do Plateau.
Duas setas certeiras, pelo que a coordenação e os colaboradores, a Câmara Municipal e o povo de Cabo Verde estão de parabéns.
Aliás, estes dois pontos foram ressaltados na tarde desta quinta (27/11) durante o #FórumPLATEAU que reuniu cerca de cinco dezenas de realizadores, produtores e pesquisadores de cinema de diversos países, no Palácio Ildo Lobo (assunto que será tema de outra postagem neste blog).
Loja explica crianças não são o seu público principal, entretanto, as sessões acontecem pontualmente, até porque a sua relação com o cinema é com a divulgação desta arte, sobretudo debatendo-a.
“Na minha vida de animador cultural, que não é a minha profissão, mas que a tenho exercido com responsabilidade profissional, a questão do cinema das crianças é fulcral”, declara.
Loja sente imenso prazer em partilhar a aventura da viagem cinematográfica com a criançada.
“Há sempre uma troca, da nossa parte, o que queremos é criar um dispositivo em que as crianças possam estar livres e sonhar, e criar sobre isso, ser um desencadeador da criação”, sonha.
O cinema, não sendo a sua principal atividade, está no seu sangue, razão pela qual jamais se recusou a ir a associações ou escolas projetar e dialogar cinema.
Mas quando o público são as crianças, Loja observa que há uma relação de maior exigência, porque os miúdos tem um modo especial de perceber as coisas.
É um público difícil, segundo ele diz, e que exige preparação, porque uma simples sessão de um filme marca para sempre a vida das pessoas.
E Loja e Margarida desejam que esta marca seja sensível e criativa.
“Depois, é a delicia de ter as crianças felizes, usufruir o cinema como deve ser usufruído”, comenta.
Misto de jornalista-produtor-cineclubista-animador, Loja é entrega, total, ao fascínio da imagem em movimento.
Ele recorre à cena do comboio filmada pelos irmãos Lumiere para dizer que o fascínio continua presente nos olhos das crianças quando assisem a um filme.
O encanto dos miúdos também toca a produtora Margarida Alves Pereira.
“O espanto eles é equivalente ao meu, estou tão encantada com eles quanto eles comigo”, diz, referindo-se aos meninos e meninas que lotam as sessões das 15hs do Cine-Praia.
A jornalista se emociona quando fala das reações afetivas que as crianças demonstram nas sessões.
“Elas conquistam, são crianças abertas, disponíveis, ricas interiormente, um consolo pode fazer parte, poder proporcionar encantos com elas”, revela.
Os processos e os métodos de escolha, a curadoria dos filmes que são exibidos para os (as) meninos (as), combina a reflexão entre os dois amigos (Loja e ela), o conhecimento e a pesquisa do espaço da exibição, e alguma vertente experimental.
“é um leque, os miúdos têm direito a tudo”, afirma.
Loja observa que há sempre um risco quando se faz as escolhas, mesmo quando se conhece as comunidades, embora afirma que o que faz encantar é a própria magia do cinema.
“O que é possível a partir dai desencadear o imaginário das crianças”, conclui Loja.
Margarida explica que após as sessões as crianças são convidadas a desenhar e quando ela pratica este ato, a criança está a reter e a refletir sobre o que viu, pelo que a experiência se consolida.
“Enriquece muito mais a experiência para eles e para nòs”, finaliza.
© Carpinteiro
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