Pular para o conteúdo principal

O fotógrafo César Schofieldi Cardoso





Meu amigo fotógrafo cabo-verdiano César Schofieldi Cardoso é um ser humano autêntico que afirma os seus pensamentos de forma clara, abrindo-se ao diálogo, de forma ética e democrática.
Sei disso por causa dos debates que mantivemos quando e nossa experiência com o CINEMA POBRE aqui na cidade da Praia, em 2006, do qual resultaram dois filmes coletivos, sendo que César é realizador de um desses filmes.
Atualmente no Ministério da Cultura de Cabo Verde, na coordenação do CINEMIDIA, pela via do qual também se torna um dos responsáveis pelo #PLATEAU – Festival Internacional de Cinema de Cabo Verde, ele afirma solenemente que este Festival é um sonho, um processo que articulou pessoas diferentes para atuar de forma colaborativa e solidária.
“Desde o início, insistimos no caráter social deste festival seja social, que isso é muito mais importante do que qualidade cinematográfica, tecnicamente falando, nós pensamos em incluir a todos, e quando digo social, falo desde as sinergias do centro, as instituições, os bairros, os parceiros internacionais, os agentes públicos e privados”, explica.
César acredita que o #PLATEAU em si colabora para a mudança do estado da arte cinematográfica em Cabo Verde.
“Eu acho que isso já mudou alguma coisa, mudou percepções, aquela percepção de que é um festival feito por eles, e para eles, eu consigo sentir esse orgulho, que é o nosso festival, eu vejo nas redes sociais,  todos, com este orgulho”, afirma.
O fotógrafo representante do Ministério da Cultura na coordenação do #PLATEAU esclarece que a cidade da Praia tem uma dinâmica muito interessante no que se refere a produção de um cinema independente e periférico, um cinema, segundo ele, realizado, com os meios que estão disponíveis no mercado, e que por isso mesmo se torna interessante pela voz que ele assume.
De acordo com César Schofieldi, o cinema cabo-verdiano tem este papel interessante de ocupar os espaços mediáticos, a partir de seus próprios meios, que nem são assim tão sofisticados.
Ele cita o #PLATEAU como um Festival que tem a diferença de quebrar os paradigmas que separam o centro da periferia, tanto é que ocorrerão sessões abertas nos bairros, nas comunidades.
E numa perspectiva continental, César percebe muito bem o atravessamento das relações estéticas, sociais e políticas entre a lusofonia, a africanidade e Cabo Verde.
Considerando ainda prematura pensar as estéticas do #PLATEAU, ele aponta o FÓRUM PLATEUA, que vai reunir cineastas africanos e não só, como um bom caminho para que este manifesto seja discutido neste espaço.
“Este Festival teve preocupação de dialogar com os continentes, especialmente, o africano e por isso é que nos criamos uma comissão que tem curadores, para filmes negros, brasileiros e africanos, filmes nacionais na diáspora, filmes europeus e não-europeus”, observa.
César faz questão de marcar e demarcar esta relação de Cabo Verde com Brasil e com o Continente Africano, “porque são cinematografias que nós precisamos conhecer aqui, precisamente, para termos mais força para fazermos o que estamos a fazer agora”, afirma.
Ele diz isso porque em termos de produção, os filmes são realizados com os meios disponíveis, entretanto, critica, “em termos de referenciais teóricos, como abordar os assuntos, falta-nos muito, e por isso mesmo que temos que conhecer estas diferentes cinematografias”, conclui.

© Carpinteiro


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Cinema de Guerrilhas volta a Braga para segunda Edição

 Será no dia 26 de março de 2025, na sede da Associação Observalicia, em Braga, a segunda sessão das “Vivências do Cinema de Guerrilha – Resistência Climática”. Organizada por essa associação sem fins lucrativos, dedicada à pesquisa e atuação em alimentação, tecnologia e ecologia social, a ação propõe uma imersão no audiovisual como ferramenta de resistência e transformação social. Vamos continuar a trabalhar juntos na construção coletiva de filmes que denunciem as urgências climáticas e ecológicas atuais. A oficina busca democratizar o acesso ao cinema, utilizando tecnologias acessíveis, como celulares, para que comunidades e indivíduos possam contar suas próprias histórias e fortalecer sua luta ambiental. Como facilitador, trago minha experiência no cinema amazônico, onde venho desenvolvendo pesquisas e produções voltadas para a resistência cultural e ecológica. Como criador e curador do Festival Internacional de Cinema do Caeté (FICCA), sigo explorando as estéticas de guerrilha,...

Entre aforismos e reflexões sobre a existência - análise crítica da obra de Jaime Pretório

A obra, mesmo não sendo uma extensão do artista ou propriedade do público que a ressignifica, é uma potência inerente e transcendente ao próprio artista, entretanto, um escritor, como, em geral, um artista, não se resume ao que ele escreve, ao que ele concebe. A obra de Jaime Pretório, em especial sua coletânea “1000 Aforismos recortes de uma vida” vai além das palavras e das ideias que ele usa para expressar sua ampla reflexão sobre a condição humana, nestes tempos em que já nem sabemos ao certo se sobre ou sub vivemos. Nesta obra, o autor discorre sobre questões cotidianas, convocando-nos a uma jornada de introspecção, a partir de aforismos sobre normas sociais, dogmas religiosos, convenções filosóficas, mensagens poéticas. L er o autor impõem-nos desafios, ainda que na sua estilística aforística ,  o sinta gma  frasal se encerre em si próprio ,   através de  uma mensagem fragmentária, no caso d e  Pretório, uma mensagem fragmentária sobre os diversos temas qu...

Um Encontro de Arte e Reflexão: X FICCA na Livraria Gato Vadio

A Livraria Gato Vadio será palco de um dos momentos mais inspiradores do X FICCA – Festival Internacional de Cinema do Caeté, que celebra a arte de resistência da Amazônia. Entre histórias contadas pelas telas e diálogos que se desdobram em ideias e ações, o espaço se tornará uma confluência de arte, literatura e cinema. Uma das joias da programação do X FICCA será a Oficina de Cinema CADA REALIZADOR UM TERRORISTA E CADA FILME UM ATENTADO, que convida amantes da sétima arte, estudantes e curiosos a mergulharem no universo da criação cinematográfica, sob a perspectiva da arte de resistência social. O festival tem como referencial teórico as estéticas de guerrilhas, as poéticas da gambiarra e as tecnologias do possível, que são conceitos resultantes das práxis pesquisadas e aplicadas pelo criador, diretor e curador do FICCA, Francisco Weyl. Estes elementos para a construção de uma tríade conceitual do cinema de resistência social serão apresentados e dialogados com os participantes, send...