não digas nada, gosto imenso quando falas
eu sinto a voz de teu silêncio, se te calas
e a sucessão de sentimentos que disparas
neste rio que me navega em tuas palavras
e que me afoga lentamente em tuas águas
como conter a travessia em segredo
se há tempestades em meus desejos?
© Carpinteiro
Assista e/ou ouça a declamação do poema pelo autor
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“Quase um Soneto numa manhã de chuva”
Pouco tenho, se muito desejo
Mas costumo seguir, se quero ficar
Do contrário, eu não vou, se penso ir
E tudo permanece neste perene devir.
Se penso demais, falo de menos
Mas, se me calo, penso demasiado
Meu silêncio diz mais que palavras
E meus olhos, os estados da alma
Eu quero odiar, entretanto, amo
Quanto mais desejo, menos almejo
Sinto muito, mas nem tanto
Portanto não faço nada, mas encanto
Escrevo versos que os apago
E recito poemas que esqueço
Nas areias de teu mar eu me afago
Nas lavas de teu vulcão desfaleço
© Carpinteiro
Porto, 04/11/2018
Assista e/ou ouça a declamação do poema pelo autor
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Há noites em que de tanto sono eu nem durmo
Há dias em que de tanta fome eu não como
Há poemas nem sei quê de tantos versos
Há amigos que de tão dentro atravesso
Há corações que de tanto aperto eu guardo
Há palavras que de tão sagradas esqueço
Há coisas que de tão humanas eu mato
Há pensamentos que de tão complexos eu enterro
Há livros que de tão amigos eu guardo
Há flores que de tantas abelhas eu beijo
Há frutos que de tão maduros eu os semeio
Há males que de tão poéticos eu bebo
Há sede que de tão intensas transcendo
Há ruas que de tão infinitas escalo
Há montanhas que de tão grandes eu caio
Há versos que de tão simples levito
Há mares que de tão revoltos me acalmo
Há sonhos que de tão medonhos desperto
Há tempos que de tão fecundos mergulho
Há cenas que de tão transparentes opacas
Há pedras que de tão frágeis atiro
Há balas que de tão dóceis suspiro
Há bocas que de tão acesas eu mordo
Há beijos que de tão loucos eu curo
© Carpinteiro
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