Você pode indagar o rio
E com ele murmurar.
Você pode falar com o rio
E com ele calar.
Você pode até beber o rio
E com ele mergulhar.
Mas, o que quer que se diga do rio,
Dele não se pode dizer duas coisas:
Que ele não seja efêmero,
E que também não seja eterno.
Que continue assim, sendo.
Atravessado.
De tudo o que você deixe de dizer do rio
Não esqueça de dizer que ele transborda.
Mas, nada do que você diga sobre o rio
Irá transpô-lo,
Ou torná-lo navegável.
Nada do que você pense do rio
Irá inundá-lo, ou assoreá-lo.
Nada que você leve do rio
Irá trazê-lo de volta.
Não seque o rio,
Deixe-o seguir seu destino.
Não barre o rio que ele é menino
E avoa que nem passarinho.
© Carpinteiro
(“O rio doce morre no mar”)
Assista o videopoema de Francisco Weyl (Carpinteiro de Poesia), narrado, filmado e editado pelo próprio autor, no Rio Caeté, em Bragança do Pará, com trilha sonora de guitarrada d André Macleuri
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O rio sangra a montanha: corta o tempo do não vir a ser o devir
© Carpinteiro
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Não encontra o mar desesperado
Sente
© Carpinteiro
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Rio de
Gredo
Rio do
Grito
Rio de
Se
Gredos
Segre
Gados
Rio de
Desejos
Desre
Grados
Rio de
Gradado
Rio des
Graçado
Rio sa-
Grado
© Carpinteiro
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À esmo
O rio é o mesmo
Ensimesma-se
Repete-se serpente
Insinua-se n’água
Eis que é ser
Esquecer-se
© Carpinteiro
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