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Poema para pessoas simples


as vezes, ave

outras vezes, asa

as vezes, avesso

outras vezes, averso

as vezes, reses

outras vezes, reveses

as vezes risos

outras vezes, rezas

as vezes, zen

outras vezes, sem

as vezes, asco

outras vezes, asno

as vezes, burro

outras vezes, berro

as vezes, bebo

outras vezes, beijo

as vezes, frase

outras vezes, crase

as vezes, carne

outras vezes, fase

as vezes, fazes,

outras vezes, fezes

as vezes, verso

outras vezes, verbo

as vezes, verme

outras vezes, cerne

as vezes, sexo

outras vezes, nexo

as vezes, caolho

outras vezes, olho

as vezes, ócio

outras vezes, ossos

as vezes, Eros

ouras vezes, erro

as vezes, Zeus

outras vezes, eu


© Carpinteiro

Bragança do Pará, 21/03/2017


Assista e/ou ouça a declamação do poema pelo autor


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“Poema para pessoas simples"

Entre as pessoas que eu encontrei 

e aquelas que eu queria encontrar, 

pessoas desencontradas.

Pessoas com as quais eu falei 

e pessoas com as quais eu nem queria  falar, 

pessoas atravessadas.

E aquelas reais, de tão fabuladas.

Autores de minhas auroras, fabulosas.

Pessoas por mim visitadas e pessoas que me foram esquecidas.

Pessoas de memórias fracas, desmemoriadas.

Pessoas das quais não me recordo mas que me são tão presentes.

E pessoas ausentes as quais meu coração nem mais as sente.

Pessoas amadas e odiadas .

Pessoas indiferentes e de sentimentos assentes.

Pessoas indistintamente conhecidas e surpreendidas.

Pessoas que nem sei quem são e que nutro por elas uma grande paixão!

Pessoas que amo pelo que são.

Pessoas Interesseiras.

Pessoas desinteressadas.

Interessantes , pessoas ausentes e pessoas distantes.

Pessoas amantes, diamantes.

Pessoas antes e durante.

À priori e à posteriori.

Pessoas entre aspas e pessoas muito mais que amadas.

Pessoas sentidas e pessoas sem sentido.

Pessoas, humanas manos e manas.

Pessoas de Cabo Verde, africanas.


© Carpinteiro


Assista e/ou ouça a declamação do poema pelo autor



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(Poema para) Dia de chuva. 

As águas renovam, revigoram. 

As águas lavam e levam. 

As águas caem e se evaporam. 

As águas gasosas, outrora sólidas. 

Águas líquidas, em gotas homeopáticas. 

As águas escorrem como lágrimas no solo. 

Águas transparentes, cristalinas. 

Águas ácidas passam.

Águas cálidas afagam, águas frias todos os dias. 

Águas dos tempos e das almas. 

Águas narradas, mergulhadas. 

Águas poéticas como estas. 

Águas dos dias contados, águas cantadas. 

Águas encantadas.


© Carpinteiro


Assista e/ou ouça a declamação do poema pelo autor



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Estes textos aqui reunidos constituem a nona sessão 
do Microprojeto TERÇA TRÍADE, 
pela via da qual publico três textos poéticos autorais neste espaço, sendo os vídeos disponibilizados no Canal do Carpinteiro

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