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Se todos os poucos fossem tanto

 

Se todos os poucos fossem tanto quanto o que me ofereces em harmonia e irmandade certamente que o mundo seria um lugar ideal para todos os seres humanos.

Não há pouco quando o que se doa, torna-nos maior do que somos, e nos faz crescer ainda mais do que desejamos em nossa jornada existencial e espiritual.

Cada um de nós (se) dispõe conforme a nossa intenção, e na perspectiva do merecimento de quem ou daquele ao qual disponibilizamos a nossa emanação de justiça e paz.

Quando oferecemos, oferecemo-nos, sem querer nada em troca, mas recebemos em nossos corações a verdade que depositamos em nossa alma, e obtemos de retorno um investimento muito maior do pouco que pensávamos ter ofertado.

E é tanto o que a vida tem me ofertado os amigos, os irmãos, a família, as mulheres que eu amei e que ainda amo, como amo todos que me amaram, no tempo de me amar, e os meus filhos, que os amo, de forma especial, mesmo à distância.

É isso é tanto que me sinto preenchido deste amor, e abençoado.

E agradecido.

Se os meus amigos e as minhas amigas soubessem o quanto lhes amo, mas mesmo que não o saibam, talvez o sintam, e mesmo que me tenham esquecido, por qualquer motivo, ainda assim os amarei na minha memória, e lhes serei sempre grato.

Da mesma forma, os meus antepassados, por tudo que me ensinaram e me legaram, e que eu honrarei até o último dos meus dias.

Porque o amor não é uma recordação, mas uma energia que nos atravessa a todos que nos doamos uns aos outros.

Está dentro de nós mas nos transcende.

O que eu recebo dos meus amigos-irmãos-filhos, este Amor, maior que nós, e que me fortalece, com um pensamento, uma palavra, uma atitude.

Cada um de nós com um tempo próprio.

Cada um de nós no limite de sua fronteira, mas com a coragem de rompê-la.


© Carpinteiro

Porto, 12 de Agosto de 2020



(Texto dedicado aos amigos & irmãos que me tem ajudado na campanha pelo financiamento coletivo de meu doutorado)

 

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