Eduarda Neves foi minha professora de Sociologia da Cultura quando eu estudava na Escola Superior Artística do Porto.
Naquela altura, eu não era muito chegado a ela, pois que de certa forma cumpríamos o papel professora-aluno.
Sempre nos respeitamos e a memória que eu trago de suas aulas são as de conteúdos complexos e densos pelos quais chegávamos à Bordieu e Nietzsche.
Havia outros mestres e mestras, de cuja fecunda fonte eu bebia, e com eles embriagava meu espírito, ávido pela história, arte, estética.
Mas, foi graças ao estímulo despertado nestas aulas da Eduarda que eu comecei a rabiscar as minhas incursões nos atravessamentos das obras de Nietzsche e Glauber.
O trabalho final que escrevi nesta cadeira foi base de muitos outros escritos meus, do mesmo modo o foram os diálogos com Melo Ferreira, em sala, e com Sério Fernandes.
A escola do Porto há de ser mais que um capítulo em minha trajetória de vida, e sempre merecerá escritos que puxem pela minha memória.
Quando decidi voltar ao Porto para fazer doutoramento, logo pensei na Eduarda, e a ela escrevi a pedir conselhos acadêmicos.
Cheguei a pensar em escrever sobre a escola do Porto, mas ela imediatamente me demandou porque eu não escreveria sobre a minha própria cena.
Era o que estava a faltar para eu me entusiasmar e preparar meu anteprojeto de tese de doutoramento, o qual, aliás, eu lhe enviei, para que analisasse.
E ela respondeu com a mesma confiança, dizendo-me que meu projeto estava coerente com minha trajetória.
Ainda no Brasil, demandei-lhe sobre uma possibilidade de parceria entre a Escola Superior Artística do Porto e o Cineclube Amazonas Douro.
Foi desta forma que nasceu a quarta edição do Festival internacional de Cinema do Caeté – FICCA, que este ano se faz no Porto.
Francisco Weyl
César, Aveiro, Setembro de 2018
Comentários