Pular para o conteúdo principal

Para quem quer mas ainda tem dúvida de vir estudar no Porto

Depois que vim para Portugal, para prosseguir no terceiro ciclo de estudos, doutoramento, tenho sido demandado por amigas e amigos sobre processos e procedimentos para estudar fora do Brasil, então, resolvi escrever um texto.
Se você tiver paciência de ler até ao final e continuar com dúvidas, manda perguntas para carpinteirodepoesia@gmail.com, que, dentro do possível, e somente se estiver ao meu alcance, tentarei esclarecer a questão.
Mas, as dicas que posso fornecer têm mais a ver com minha própria experiência do que com alguma especialidade que eu possa ter na matéria.
Eu estudei em Portugal, entre 1998/2001, fiz cá muitos amigos, com os quais partilhei (e partilho) vida e trabalho.
Esta rede àquele tempo construída me fortalece nesta nova fase.
Retornei ao Porto, sem bolsa, e estou ainda a me organizar, para conseguir um quarto, e trabalho.
As coisas estão caras, e as propinas acadêmicas são também elevadas, ou seja, o ensino público é pago.
O mercado imobiliário aquece, com os turistas, os preços se elevam.
Um quarto, por exemplo, no Porto, que é considerada uma das metrópoles mais econômicas da Europa, anda a volta de 120 a 300 Euros.
Alguns dão direito à luz, água e internet, e outros, nem por isso.
Um café custa 0,50 cêntimos de Euro.
Os menus que incluem sopa, refeição, bebida de garrafa e sobremesa veriam entre Euro 3,50 até Euro 6,00, dependendo do local.
Por aí, podes pensar em fazer as contas e intuir quanto mais ou menos vais precisar para viver.
Há 80 mil brasileiros dos 400 mil estrangeiros em Portugal, não sei quantos exatamente no Porto.
E não param de chegar brasileiros.
Nos consulados portugueses no Brasil, as filas de pedido de visto estão enormes e as respostas, demoradas.
Tenho ouvido e lido muitas as críticas à desorganização diplomática, portanto, prepare-se para ter paciência.
E gastar dinheiro.
É bom ir fazendo poupança.
Ou campanhas para arrecadar fundos, com bingos, vaquinhas, ações entre amigos, etc.
Precisa de dinheiro pro Passaporte, e para a entrada ao pedido de Visto.
E alguns dos documentos que são exigidos para o processo têm que ser apostilados, ou seja, reconhecidos pelo Tratado de Haia.
Alguns cartórios fazem a Apostila da Convenção da Haia, e te cobram os olhos da cara por cada página.
Só isso deve custar entre R$ 1 mil e R$ 2 mil reais.
Tens que saber o curso que vais fazer, porque precisarás de uma Declaração de Vaga ou de matrícula, a ser enviada pela secretaria da Instituição.
Isso quer dizer que tens que fazer pesquisas na Net, troca e-mails, ou seja, entrar em contato e estabelecer imediatamente esta relação, tomando conhecimento dos critérios de aprovação, turmas disponibilizadas, propinas, condições de pagamento, entre outras coisas.
Entre os documentos pedidos pelo Consulado, há também um Atestado para fins de Residência, a ser é emitido por um cidadão português, que o obtém na Junta de Freguesia.
Conheces algum português que pode emitir este documento? Vai logo pensando nisso.
De certa forma, é uma maneira de o Governo Português ter uma garantia de que terás onde ficar e alguém a quem cobrar caso alguma coisa corra mal ou te comportes mal.
O Atestado para fins de Residência e a Declaração de vaga escolar são enviados por E-mail, o Consulado aceita uma cópia simples, porque tanto estas e demais informações são minuciosamente investigadas.
Tens ainda que ter o PB4, que é uma comprovação de direito à segurança social mediante parceria entre Portugal e Brasil.
É um documento que, em Belém, podes solicitar numa central de serviços do INSS, que fica na Avenida Conselheiro Furtado, nº 2520.
Pode solicitar o documento quem é beneficiário do INSS e desconta á Previdência.
Caso contrário, terás de ter um seguro de saúde internacional.
O Consulado exige ainda que comproves que tens condições de sobreviver em Portugal, através da declaração de que tens bolsas de estudos e/ou permissão de afastamento de trabalho com vencimentos.
Caso contrário, precisarás de uma Carta (e da declaração de rendimentos junto ao Imposto de Renda) de algum cidadão brasileiro que se responsabilize em te financiar durante o tempo que ficares em Portugal.
Além disso, tens que fazer uma Carta pessoal na qual esclareças porque queres vir a Portugal e como irás administrar a tua vida e os teus gastos.
Junto com teus documentos pessoais e acadêmicos, estes em agerais são os documentos que são exigidos para dares entrada ao pedido de Visto Escolar.
Este Visto tem a duração de um ano, renovável durante o tempo que permaneceres a estudar.
A renovação pode ser feita junto ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras da cidade em que habites, mas como há muitos brasileiros em Portugal, a espera e a confusão são grandes.
Tanto o governo brasileiro quanto o português têm concursos anuais de bolsas, tens que acessar os sites específicos e observar os prazos e os critérios para submissão de candidaturas.
A concorrência é grande.
Não é fácil, mas nada é impossível quando se quer conquistar os sonhos.
É isso, espero poder ter ajudado.

Francisco Weyl
César, Aveiro, Setembro de 2018




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

COM APOIO DA JUVENTUDE PERIFÉRICA, EDUCADORA SOCIAL NEGRA PLEITEIA PREFEITURA DE BELÉM

A eleição de Wellinta Macedo vai mudar o cenário político e social de Belém do Pará, com a proposta de uma gestão responsável, transparente e democrática, atenta à demandas das classes exploradas e excluídas. Uma simples olhada na sua minibiografia política, social e cultural revela que Wel – como é carinhosamente conhecida – vai fazer a diferença nestas eleições. Mãe- solo, tem dois filhos, Ernesto e Leon, ambos estudantes de escola pública, esta mulher negra, periférica, é educadora social, jornalista, crítica e atriz, além de militante dos movimentos de mulheres e movimentos negros e culturais. Ela milita há 17 anos no PSTU, tendo colocado seu nome à disposição do partido em duas campanhas, tendo sido candidata à vereadora, em 2016, e à deputada Federal, em 2022. No Movimento Negro, constrói o Quilombo Raça e Classe Nacional, sendo que, desde 2013, realiza a Marcha da Periferia, em alusão ao Novembro Negro na Terra Firme. Ela também participa de rodas de conversas, mesas

Fórum COP30 da Marambaia realizará primeira reunião na Gleba 1

A comunidade do bairro da Marambaia toma para si as rédeas dialógicas sobre as questões climáticas ambientais que têm sido pautadas pelas diversas nações assinantes da Convenção-Quadro da ONU sobre mudança climática. Avaliar a situação das mudanças climáticas no planeta implica também RE-conhecer e respeitar as realidades locais como estratégia Amazônica sobre mudança climática. Mais que estabilizar a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera que constitui grande ameaça climática planetária, a Marambaia quer desenvolver metodologias alternativas de participação popular neste processo. A Marambaia é um dos bairros mais arborizados de Belém, em razão da sua privilegiada localização, com florestas, rios, igarapés, canais, além das dezenas de praças dos conjuntos habitacionais edificados no bairro. As diversas estruturas hoje existentes na comunidade resultam de lutas populares por melhores condições de vida e trabalho com dignidade, do mesmo modo, a pujante cena cultural local reflet

Pela construção do OBSERVATÓRIO & FESTIVAL DOS FESTIVAIS DE CINEMA DA AMAZÔNIA PARAENSE

Estamos juntos, mas nem sempre misturados, porque somos diferenciados em nossas pautas e nos encaminhamentos com relação ao confronto com o mercado. Há muitos debates importantes ao movimento audiovisual da Amazônia Paraense. E o momento de aprofundarmos esta discussão, por exemplo, sobre políticas públicas audiovisuais, política de editais, a maioria voltados para fortalecer o cinema de mercado.  São políticas editais excludentes, conceitualistas, curatoriais, cheios de artimanhas contemporâneas que criam uma onda em favor de um tipo de arte, apagando e excluindo o que se produz fora deste eixo do mercado. E esta questão se coloca como um divisor de águas. Quanto de dinheiro tem para o cinema da Amazônia?  E quanto deste dinheiro vai financiar o cinema de mercado>? Quanto vai ter de dinheiro para quem não é empresário do cinema e do audiovisual? Para quem cria e faz cinema comunitário, nas periferias e comunidades tradicionais e quilombolas e indígenas, cinema nos movimentos sociai