Pular para o conteúdo principal

No dia em que o andarilho (das galáxias) encontrou os poetas da marambaia



No dia em que o andarilho (das galáxias) encontrou os poetas da marambaia
uma fenda se abriu no meio da terra.
De um lado ficaram os homens sem sorte.
De outro aqueles para os quais a poesia é a única saída.
Do lado daqueles que não tinham sorte também não havia azar.
Do lado da poesia, a fantasia.
Entre os homens sem sorte, eles e elas, homens e mulheres, poetas.
Uma fenda que sequer existira, eu a inventara
– e também aos homens poéticos,
uma fenda se abriu e me deixou ver que os homens poéticos,
um dia, na companhia do andarilho,
no outro dia entrou na poesia da Marambaia,
no terceiro dia uma fenda se abriu entre eles
e eu repeti esta narratologia
porque prefiro errar do que narrar aos ratos,
prefiro erratas aos fracos
que não tem simplicidade para assumir que nada sabem,
prefiro a filosofia a uma pedra que posso atirá-la,
fazer com que pela violência do pensamento ela atravesse corpos,
ferindo-os machucando-os.
A minha pedra tem poesia,
é filosofal, mas eu prefiro a filosofia, e antes dela a poesia da Marambaia,
o meu norte é a Marambaia, onde estão os poetas,
estas cenas são crias de uma escola que se instala
numa perspectiva cronológica nos últimos vinte e cinco anos
e numa perspectiva geográfica é enteada
das migrações dos classes médias para o bairro da marambaia
e numa perspectiva existencial esta escola poética é filha bastarda desta marginalidade que é imposta a uma determinada sociedade
quando esta sociedade habita um lócus abandonado e esquecido pelo poder publico
razão pela qual a organização desta comunidade se dá pela via da arte
é uma potencia tanto intelectual quanto politica e para fechar a tríade, poética

© Carpinteiro 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

COM APOIO DA JUVENTUDE PERIFÉRICA, EDUCADORA SOCIAL NEGRA PLEITEIA PREFEITURA DE BELÉM

A eleição de Wellinta Macedo vai mudar o cenário político e social de Belém do Pará, com a proposta de uma gestão responsável, transparente e democrática, atenta à demandas das classes exploradas e excluídas. Uma simples olhada na sua minibiografia política, social e cultural revela que Wel – como é carinhosamente conhecida – vai fazer a diferença nestas eleições. Mãe- solo, tem dois filhos, Ernesto e Leon, ambos estudantes de escola pública, esta mulher negra, periférica, é educadora social, jornalista, crítica e atriz, além de militante dos movimentos de mulheres e movimentos negros e culturais. Ela milita há 17 anos no PSTU, tendo colocado seu nome à disposição do partido em duas campanhas, tendo sido candidata à vereadora, em 2016, e à deputada Federal, em 2022. No Movimento Negro, constrói o Quilombo Raça e Classe Nacional, sendo que, desde 2013, realiza a Marcha da Periferia, em alusão ao Novembro Negro na Terra Firme. Ela também participa de rodas de conversas, mesas

Fórum COP30 da Marambaia realizará primeira reunião na Gleba 1

A comunidade do bairro da Marambaia toma para si as rédeas dialógicas sobre as questões climáticas ambientais que têm sido pautadas pelas diversas nações assinantes da Convenção-Quadro da ONU sobre mudança climática. Avaliar a situação das mudanças climáticas no planeta implica também RE-conhecer e respeitar as realidades locais como estratégia Amazônica sobre mudança climática. Mais que estabilizar a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera que constitui grande ameaça climática planetária, a Marambaia quer desenvolver metodologias alternativas de participação popular neste processo. A Marambaia é um dos bairros mais arborizados de Belém, em razão da sua privilegiada localização, com florestas, rios, igarapés, canais, além das dezenas de praças dos conjuntos habitacionais edificados no bairro. As diversas estruturas hoje existentes na comunidade resultam de lutas populares por melhores condições de vida e trabalho com dignidade, do mesmo modo, a pujante cena cultural local reflet

Pela construção do OBSERVATÓRIO & FESTIVAL DOS FESTIVAIS DE CINEMA DA AMAZÔNIA PARAENSE

Estamos juntos, mas nem sempre misturados, porque somos diferenciados em nossas pautas e nos encaminhamentos com relação ao confronto com o mercado. Há muitos debates importantes ao movimento audiovisual da Amazônia Paraense. E o momento de aprofundarmos esta discussão, por exemplo, sobre políticas públicas audiovisuais, política de editais, a maioria voltados para fortalecer o cinema de mercado.  São políticas editais excludentes, conceitualistas, curatoriais, cheios de artimanhas contemporâneas que criam uma onda em favor de um tipo de arte, apagando e excluindo o que se produz fora deste eixo do mercado. E esta questão se coloca como um divisor de águas. Quanto de dinheiro tem para o cinema da Amazônia?  E quanto deste dinheiro vai financiar o cinema de mercado>? Quanto vai ter de dinheiro para quem não é empresário do cinema e do audiovisual? Para quem cria e faz cinema comunitário, nas periferias e comunidades tradicionais e quilombolas e indígenas, cinema nos movimentos sociai