No dia em que o andarilho (das galáxias) encontrou os poetas da marambaia
uma fenda se abriu no meio da terra.
De um lado ficaram os homens sem sorte.
De outro aqueles para os quais a poesia é a única saída.
Do lado daqueles que não tinham sorte também não havia azar.
Do lado da poesia, a fantasia.
Entre os homens sem sorte, eles e elas, homens e mulheres, poetas.
Uma fenda que sequer existira, eu a inventara
– e também aos homens poéticos,
uma fenda se abriu e me deixou ver que os homens poéticos,
um dia, na companhia do andarilho,
no outro dia entrou na poesia da Marambaia,
no terceiro dia uma fenda se abriu entre eles
e eu repeti esta narratologia
porque prefiro errar do que narrar aos ratos,
prefiro erratas aos fracos
que não tem simplicidade para assumir que nada sabem,
prefiro a filosofia a uma pedra que posso atirá-la,
fazer com que pela violência do pensamento ela atravesse corpos,
ferindo-os machucando-os.
A minha pedra tem poesia,
é filosofal, mas eu prefiro a filosofia, e antes dela a poesia da Marambaia,
o meu norte é a Marambaia, onde estão os poetas,
estas cenas são crias de uma escola que se instala
numa perspectiva cronológica nos últimos vinte e cinco anos
e numa perspectiva geográfica é enteada
das migrações dos classes médias para o bairro da marambaia
e numa perspectiva existencial esta escola poética é filha bastarda desta marginalidade que é imposta a uma determinada sociedade
quando esta sociedade habita um lócus abandonado e esquecido pelo poder publico
razão pela qual a organização desta comunidade se dá pela via da arte
é uma potencia tanto intelectual quanto politica e para fechar a tríade, poética
© Carpinteiro
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