Há noites em que de tanto sono eu nem durmo
Há dias em que de tanta fome eu não como
Há poemas nem sei quê de tantos versos
Há amigos que de tão dentro atravesso
Há corações que de tanto aperto eu guardo
Há palavras que de tão sagradas esqueço
Há coisas que de tão humanas eu mato
Há pensamentos que de tão complexos eu enterro
Há livros que de tão amigos eu guardo
Há flores que de tantas abelhas eu beijo
Há frutos que de tão maduros eu os semeio
Há males que de tão poéticos eu bebo
Há sede que de tão intensas transcendo
Há ruas que de tão infinitas escalo
Há montanhas que de tão grandes eu caio
Há versos que de tão simples levito
Há mares que de tão revoltos me acalmo
Há sonhos que de tão medonhos desperto
Há tempos que de tão fecundos mergulho
Há cenas que de tão transparentes opacas
Há pedras que de tão frágeis atiro
Há balas que de tão dóceis suspiro
Há bocas que de tão acesas eu mordo
Há beijos que de tão loucos eu curo
© Carpinteiro de Poesia
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