Este filme que estreia hoje no Youtube (31/05/2020, 14h30 - Brasil / 18h30 - Portugal) foi realizado em Março/Abril de 2003, durante o Concílio Artístico Luso-Brasileiro, tendo reunido em Belém o José Mojica Marins (Zé do Caixão) e o Mestre de Cinema da Escola do Porto (Sério Fernandes), que eu organizei e produzi em Belém do Pará, Brasil.
A cena artística do Concílio aconteceu em vários espaços como o CCBEU, o (antigo) Centur, o (finado) IAP, e a Praça da República, onde realizamos uma sessão histórica de filmes Super-8 milímetros no que um dia foi o Bar do Parque, e ainda um deslocamento até Colares para uma sessão de Daime.
Durante o Concílio, realizamos uma oficina de cinema, tendo como resultado este filme cujo nome batizou a revista PARA ZERO ZERO, que eu criei e editei, com o apoio, na altura, do Rilke Penafort Pinheiro , Simona Di Maggio e Célia Gomes (ainda que esta informação seja omitida do Expediente da publicação).
O filme PARÁ ZERO ZERO teve sua estreia no próprio Concilio e somente foi apresentado Junho, no Cemitério da Soledade, quando lançamos o número MENOS UM ( -1) da revista homônima acima citada, após uma procissão de velas pelas ruas de Belém, numa das cenas mais anárquicas que a cidade presenciou, e tal qual a maioria de meus filmes, PARÁ ZERO ZERO não fez nenhum percurso comercial, pelo que resolvi retirá-lo da gaveta, em nome da História.
E como resolvi organizar o meu canal no Youtube, onde tenho cerca de 80 filmes autorais, e mais umas dezenas de outros projetos audiovisuais, a maioria dos quais COLETIVOS e com as falas das comunidades periféricas e quilombolas da Amazônia, resgatei alguns projetos, tornando-os público, como o PARÁ ZERO ZERO.
Sinopsis de PARÁ ZERO ZERO, o filme:
Zé do Caixão e o Mestre de Cinema da Escola do Porto, Sério Fernandes, coordenam este filme de realização coletiva - resultado de uma Oficina de Cinema, com os quadros rodados na sequência de montagem: este filme torna insepulto o espírito das forças catastróficas que repousam no bairro da Cidade Velha, o mais antigo de Belém do Pará.
O filme também deu origem à Revista Pará Zero Zero, criada por Francisco Weyl, Rilke Pinheiro, Simona Di Maggio e Célia Gomes, cujo primeiro número foi lançado em Junho de 2003. (“Pará Zero Zero”. Digital. COR. 13 minutos. Brasil, 2003)
O Cineclube Amazonas Douro
Inspirado na poética de realizadores como Antônio Reis, Pasolini, Glauber Rocha e Zé do Caixão, o Amazonas Douro afirma uma concepção estética em que a natureza filosófica restitui ao cinema o próprio estado de magia dionisíaca.
O Amazonas Douro não é um cineclube datado e nem se foca nas pessoas covardes e estúpidas que aceitam e repetem os standarts da indústria cultural.
Por esse motivo, organiza-se sob quatro pilares do Cineclube:
1. Aprofundar questões filosóficas que resgatam e radicalizam a arte.
2. Apossar-se da natureza mítica, simbólica e dionisíaca do cinema.
3. Projetar esta magia no imaginário de todos que o realizam.
4. Desabrochar nos corações e mentes o estado absoluto da comunhão da
arte com a poesia.
Esta metas são alcançadas através do cinema poético, que resiste de forma independente e se realiza fora do domínio da cultura técnico-comercial e ao leste de Hollywood.
Um cinema criado sem economia de esforços e com a coragem absoluta de afrontar o lugar comum das produções cinematográficas financiadas pela indústria cultural global.
A nossa meta é destruir as estruturas burguesas que danificam as consciências humanas no mundo, acentuando o papel revolucionário e missionário da poesia e o poder que esta arte tem de intervir na vida quotidiana e na criatividade humana.
Texto: Carpinteiro de Poesia Francisco Weyl
(31 de Maio de 2020)
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