Era uma vez um verso bandido
Que se escondia na cólera dos deuses
E que não era verso
Dos deuses que não eram deuses
É que os pássaros que passam por aqui
Também se repartem em passos por lá
Perdidos n’alma da crise
Do pulsar do broto viver
Viver como um verso
Que poderia ter sido
O ter de vir a ser
O seu zen
Sem pelo menos morrer
Talvez
Era uma vez um verso
E outra vez bandido
E a polícia perseguia a ambos
Com suas pseudo-inquietudes
De leis reis rainhas
Das ruas salas e becos
Prostitutos prostitutos
Era assim um verso e outra vez bandido
Pedaços de coisas que se chuta
E se respira no quotidiano aflito
De anjos e demónios
O que não era
O que não poderia ter sido
Como o olhar
O andar do paladar
O beijar a mão do homem
O andor da santa moral
Neopoética
Profética
Peripatética
Era uma vez um por do sol azul
E outro quase verde
Lilás
Poesias á meia luz
Ao meio tom da cor de verão
Muito pequeno burguês
Nada bandido
Isaías
Vamos chamar assim a esse personagem fictício
Chorava e ria e era poeta
Não ísaías
© Carpinteiro
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