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Atravesso teu corpo com a sede do deserto


Passei o dia com o teu cheiro

Impregnado

Toda vez que eu respirava

Era o teu gemido que eu escutava

Sentia

Do teu corpo

Um suave deslizar

Entre minhas pernas

E levitava em teus braços

Meus pelos eriçados

E o teu gosto

Em minha boca

Ardente com teus beijos

E os sussurros

Dos teus orgasmos

 

© Carpinteiro

Porto, 27/07/2020

 

 





(Desejo)

 

Por que

Dizer

Indizível?

 

...

  

Tive febre nas manhãs seguintes

Às madrugadas que te sonhei

E senti vertigens

Nas noites em que te desejei

Eu queria te amar

À guisa de cronologias

Saborear-te à luz do dia

Cavalgar tuas estrelas

Habitar tuas luas

E com teus anjos

Passear estes sonhos

Dos quais desperto

Mais longe do que perto

Sozinho num deserto

Num tempo ausente

De onde se sente

O teu corpo presente

 

...

  

A pele se faz tátil

Toco tuas mãos

E desfaleço sensações

Sou feito de desejos

Sussurro sem sentidos

Ao teu ouvido

...

Atravesso teu corpo

Com a sede do deserto

E bebo de tua água

No oásis da tua fonte

...

Estranho

Este olhar

Estrangeiro

E mordo

Estes lábios

Vermelhos

...

Estes teus lábios

Molhados

Colados

À boca da noite

Sussurram

Delírios

Ao meu ouvido

...

Beijo tua boca

Sem baton

E gemes

Desejos

Ardentes

...

Bruxuleio

Teu olhar

Incandescente

Rubro

Em brasa

Quente

...

Tem um olhar infantil

Esse teu lado

Bandido

Provoca-me

Um vôo

Felino

 

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IMAGEM da capa do Número MENOS CINCO da revista Pará Zero Zero, sendo este o último editado pelo Carpinteiro, que foi o criador e primeiro editor deste projeto, em Belém do Pará, em 2003.
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Estes textos aqui reunidos constituem a sexta sessão 
do Microprojeto TERÇA TRÍADE, 
pela via da qual publico três textos poéticos autorais neste espaço.
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