Um marco histórico e uma marca
política para a gestão de Raimundo Oliveira é a inauguração da nova Casa
Cultura “Lobão da Silveira”, que ocorreu na tarde desta Quinta-Feira, 2 de
Julho.
Bacharel em direito pela Faculdade de
Direito do Pará, Joaquim Lobão da Silveira nasceu em Bragança (18/03/1910), e foi
eleito senador nas eleições estaduais no Pará em 1962, tendo contribuído com o
desenvolvimento de Bragança, que assim o reconhece.
O Município, portanto, comemora com
autoestima a sua própria bragantinidade, nesses 407 anos de existências, que
vai completar dia 8 deste Mês.
Nada mal para quem assistiu
passivamente o desabamento do Palacete Augusto Correa e o abandono do
Vice-Consulado Português, que teve que ser demolido, com os administradores a
desobedecer as determinações do Ministério Público.
Por meio da secretaria municipal de
Cultura, Desportos e Turismo de Bragança do Pará, a prefeitura disponibiliza um
espaço reformado e restaurado, no qual foram investidos cerca de R$ 680 Mil
(recursos próprios), mais emendas parlamentares, entre estas, a de n° 26780001,
de autoria do ex-deputado Arnaldo Jordy (no valor de R$ 100 Mil), junto ao
Orçamento Geral da União – 2018.
O ex-deputado se declarou feliz por
ter contribuído para a obra: “O nosso é objetivo é o de valorizar a cultura e
honrar o compromisso assumido junto ao povo bragantino, pelo resgate do
patrimônio cultural e histórico, para o usufruto da população como mais um
ponto de encontro e de memória”, afirmou.
Com a retomada da Casa da Cultura, o
prefeito de Bragança também devolve a Biblioteca Pública ao Município, e cujo
nome é homenagem ao poeta Antônio Telles de Castro e Sousa.
De Castro e Sousa nasceu no Município
(14/11/1891), morou em Portugal, estudou e passou por cidades como Coimbra,
Paris e Liverpool, fixando residência em Bragança a partir de 1927.
O poeta colaborou com diversas
revistas, mas não publicou nenhum livro em vida, entretanto, é autor da letra
do Hino de Bragança, junto com o compositor Raimundo Mota da Cunha, tendo
falecido de doença incurável em 1934.
Além da Biblioteca, o prédio abrigará o salão de convenções “Padre Vitaliano Maria Vari” e a sede da Seculd, sendo, portanto, uma economia para os cofres municipais, já que a secretaria não tinha sede própria.
O Padre Vitaliano Maria Vari chegou a
Região em 1935, a convite de Dom Elizeu Coroli para organizar a Prelazia do
Guamá, e foi professor de Língua portuguesa e de História, e musicista, tendo
uma vasta biografia ao serviço Missionário, conforme esclarece o pesquisador
autodidata bragantino José Ribamar Gomes de Oliveira.
E, com todo respeito a este
missionário italiano, pensamos que esta homenagem de batizar o salão de
convenções bem que poderia ser ao próprio Professor bragantino José Ribamar
Gomes de Oliveira, que tem diversos livros publicados sobre a história e a
cultura bragantina, da qual é fonte e fiel guardião.
O projeto arquitetônico da nova Casa
da Cultura, entretanto, foi repaginado, as paredes divisórias internas deram
espaço para um ambiente mais amplo, e, na parte posterior, foi construído um
anexo, que adota elementos decorativos que remetem ao do prédio original.
José Ribamar Gomes de Oliveira esclarece que o espaço da Casa de Cultura era a residência de Luis Paulino dos Santos Martyres, que cumpriu curto mandato de prefeito - nomeado pelo governador eleito José Carneiro da Gama Malcher, entre 9/7/1935 e 18/1/1936, tempo suficiente para concluir o Campo de Pouso (Aeroporto), iniciado em 1934 (em terreno doado pelo Coronel Aluízio Pinheiro Ferreira).
E mesmo após total restauração nos
anos de 2019 e 2020, a nova Casa da Cultura se encontra em estado regular de
conservação, e ainda apresenta a sobriedade de elementos arquitetônicos
definidos pela volumetria horizontal nas fachadas, e platibanda decorada por
cimalha e vãos em verga reta, encimados por ornatos em alto-relevo e
arrematados por molduras lisas.
Além da Casa da Cultura, a atenção do secretário Vinícius Reis Oliveira, titular da seculd, são os R$850 Mil que o Município vai receber da Lei Aldir Blanc.
Problema é que Bragança não tem nem
Conselho, nem Fundo, e nem Plano Municipal de Cultura, condições sine que non
para a Lei da Cultura, que ainda não foi implementada, apesar de aprovada desde
2015 (VER matéria neste blog, publicada ontem).
Em tempos de pandemia, os recursos
constituem um auxílio emergencial para trabalhadores e empreendimentos de um
setor que tem tido destaque no Município, que agora dispõe de mais espaço para
a cultura, sendo que Bragança conta ainda com um Liceu de Música e o Teatro da
Marujada.
A Casa da Cultura é um resgate à
História e ao mesmo tempo um marco para a atual gestão Municipal, também
caracterizada por denúncias de dispensas de licitações, obras superfaturadas, e
vereadores omissos.
Na condição de cidadão bragantino,
mantenho minha crítica mas não me furto a parabenizar o prefeito e a gestão por
este momento, considerando que vivemos tempos sombrios em todo o planeta.
A pandemia mergulhou a humanidade num
caos mas ainda somos otimistas e que atravessaremos este deserto mesmo com o
fardo da gravidade sobre as nossas costas.
Que cada um assuma a sua
responsabilidade e faça a sua parte.
Parabéns, Raimundão!
Teje reeleito!
2 de Julho de 2020
TEXTO © Carpinteiro de Poesia Francisco Weyl
FOTOS DE CENA do Filme Alma das Ruas, de Francisco Weyl
(disponível em https://www.youtube.com/watch?v=xXibQJ54_x4&t=155s)
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