O Fórum Plateau que se realiza nesta quinta-feira, 27/11/2014, no âmbito do Festival Internacional de Cinema de Cabo Verde não quer apenas pautar estratégias de políticas públicas para o setor no país.
Há consenso entre os organizadores de que o momento é histórico e marca tanto o (re)nascimento do (NOVO) Cinema Cabo Verdiano, quanto faz com que este país, pela sua privilegiada posição geográfica, se torne um catalizador das ações cinematográficas realizadas no Continente Africano, no Brasil, em Portugal e nos demais países do mundo.
O Presidente da Associação de Cinema e Audiovisual de Cabo Verde, Júlio Silvão, diz que a sociedade civil tem de agir; “Ficamos a ver o barco passar, quando deveríamos estar no timão”, desabafa.
Pessoa simples, de poucas palavras e muita ação, Silvão é um dos idealizadores e coordenadores do #Plateau.
Ele destaca que Cabo Verde chegou a tem produção de cinema nos idos 1950, mas que o mercado foi tomado com o tempo pela televisão: “A cultura tem de sair da TV”, afirma.
Ou seja, os hábitos de cinema em Cabo Verde não apenas foram esquecidos, mas sequer construídos. E é este um dos papeis deste Festival, segundo Silvão.
“A história é soberana de nossas ações, as razões e as desrazões de cada um de nós, a história nos ensina quem faz e quem não faz”, declara.
A situação atual do Cinema em Cabo Verde, de acordo com o presidente da Associação Nacional de Cinema, é diferente da situação do cinema no Brasil, em África, e no resto do mundo.
“Há muitos anos que as nossas salas estão fechadas, e as pessoas perderam o hábito de ir ao cinema para ver um filme, ou seja, este é um dos principais propósitos deste Festival, mas temos consciência que isso não é simples nem fácil, e nem podemos reverter este processo de uma só vez”, observa.
O realizador desenvolve um projeto chamado “Cinema nos Bairros” com o objetivo, como ele próprio afirma, de levar o cinema para o povo.
“Imagina condições estruturais destes bairros, as vezes nem luz têm, então temos até de levar a energia, o próprio Cinema da Praia estava caindo, as pessoas tinham que passar longe para evitar acidentes e este Festival abre o Cinema, mas nós já começamos a trabalhar para este fim, então, a realização do festival na sala de cinema, e ao mesmo tempo nos bairros, para as comunidades, tem um valor excepcional”, comenta.
Para além das comunidades, o projeto de Silvão também leva cinema paras as escolas. Ele inclusive assume que a sua maior inspiração é o Brasil: “Não queria terminar esta conversa, Francisco, sem agradecer ao Vosso país e a si”, finaliza.
Nota: Ao escutar esta frase final do Silvão, ainda tentei, emocionado, dizer que não tenho palavras para lhe agradecer a ele à Câmara Municipal da Praia, de Cabo Verde, pelo convite para acompanhar este Festival e fazer parte desta História.
Neste momento, Júlio Silvão está em processo de pré-produção de seu mais novo projeto, o “Triângulo Virgem”. Entre seus filmes, estão: S. Tomé e Príncipe – “Minha terra, minha mãe & minha madrasta” (2012); “Praia – “A Cidade de Sonhos” (2011); “Eugénio Tavares – “Coração Criolo” (2010); “O Sonho de Liberdade” (2010); “Cabo Verde a Cores” (2006); e “BATUQUE “A Alma de um Povo” (2005).
© Carpinteiro
Comentários