Os festivais proporcionam encontros e desejos e aqui na Cidade da Praia não está a ser nada diferente disso. Entretanto, há qualquer coisa além que nos deixa satisfeitos, além do fato de rever queridos amigos. E este sentimento nasce dos diálogos que realizamos fora de campo mas não necessariamente em off.
Em menos de três dias de estadia nesta terra profícua, captei algumas entrevistas e assimilei algumas falas a partir de conversas registradas e refletidas nas dinâmicas que construímos, enquanto participamos de reuniões organizativas e de refeições em que nos alimentamos - mais do que com os deliciosos pratos da culinária local – de sonhos possíveis e de reflexões sobre o cinema africano, que afinal de contas é o que norteia este Festival.
Entre os profissionais com os quais conviemos diariamente, que, aliás, tem larga experiência em festivais internacionais de cinema, principalmente na cena das africanidades e das linguagens afro-luso-brasileiras estão Antônio Loja Neves, Rui D’ávila, Guenny Pires, César Schofieldi Cardoso, Júlio Silvão, Dom Pedro, além do próprio Vereador do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal da Praia, Antônio (“Tober”) Lopes da Silva, e de sua dedicada equipe, Ivan Santos, que coordena o #PLATEAU; e José Eduardo, diretor de cultura da CMP.
E para além desta convivência que está a ser demasiado intensa pela própria dinâmica interna aos processos organizativos de um festival que muitas vezes nos deixa a todos a beira de um ataque de nervos, andamos pelas ruas e encontramos amigos antigos, como o poeta moçambicano Nuno Rebocho; a artista plástica Misá; e professores amigos como o Nuno, a Mariângela, a Catarina, e o amigo Tide.
Destes encontros e encantos, trocamos percepções e experiências e assim vou tecendo eu próprio uma melhor observação sobre a realidade de Cabo Verde, tão contraditória quanto os demais países, dos quais recebe influências, para bem e para mal. E estas cenas, estes encontros, estas experiências intra e extra-muros ao #PLATEAU, festival ao qual fui convidado para compor o Júri, sendo o único brasileiro aqui presente para esta função que desempenho com orgulho de quem acredita que a história tem de dar voz àqueles que a constroem ainda que sejam “invisíveis”.
Assim sendo, discorrerei nos próximos textos – ainda que de forma sintética - sobre algumas cenas que marcaram estes três dias e que, ainda que possam vir a passar despercebidas, ficarão patentes na minha História e quiçá de meus leitores, os quais, sendo poucos, tem um valor simbólico, exatamente pelo valor que nos atravessa a nós, nesta missão de – através das palavras – sentir as dores do parto deste mundo.
© Carpinteiro
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