O episódio recente da erupção do vulcão do da Ilha do Fogo, em Cabo Verde, por mais paradoxal que seja, serve para revelar ao mundo o quanto são solidários os filhos desta terra. A despeito de suas fragilidades econômicas e sociais, os cabo-verdianos mais uma vez estão a dar exemplos para o mundo.
Além dos muitos gestos pessoais de pessoas que se dispõem a ajudar de forma anônima, garantindo estruturas para aqueles que mais necessitam, aqui na capital, a Cidade da Praia, há diversos postos para recebimento de doações, que estão a ser enviadas para o Fogo.
Ou seja, por mais que a natureza demonstre a fragilidade humana para suportar as suas catástrofes, Cabo Verde, como fênix, renasce. Em Chã das Caldeiras, há muitas perdas, mas o que este país está a ganhar tem um valor ainda maior que as centenas de milhares de euros “torradas” pelas larvas.
Não se trata de recursos financeiros, mas de humanidades. As pessoas estão irmanadas numa onda de emoção e ação que atravessa as ilhas, os oceanos e os continentes. E foi o meu amigo cabo-verdiano Amílcar Aristides Monteiro que me chamou a atenção para o fato de que nenhuma pátria neste mundo fragmentário e globalizado pode ser exemplo maior de uma estrutura de #REDE do que Cabo Verde.
“A diáspora, ao contrário de separar, aproxima os cabo-verdianos entre si”, diz ele.
Considerado pelos poetas como a terra da saudade, com a poesia e á música á flor da pele, o povo cabo verdiano vive em si mesmo uma diáspora, com a separação entre suas filhas e seus filhos, tanto dispersos pelas suas dez ilhas, quanto espalhados pelo planeta.
Estas distâncias são tradutoras de sentimentos que sustentam as redes de solidariedade dentro e fora do país. Os que ficam constroem laços fortes, para que se ajudem mutuamente. E os que saem do país em busca de dias melhores jamais se esquecem da terra, transportando-a com a sua cultura e ao mesmo tempo organizando meios de apoiar ao seu povo. E, do mesmo modo, as estratégias dos governos e das instituições e organizações apontam todas nesta direção da cooperação internacional e solidária.
© Carpinteiro
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